Antologia da Espiritualidade
Versão para cópiaMas rogo-te, Senhor
Senhor, eu te agradeço Não somente As horas boas da felicidade, Em que o meu coração tranquilo e crente Dá-se ao louvor que te bendiz… Agradeço igualmente os dias longos, Em que varo o caminho, a pedra e vento, Nos quais me ensinas sem barulho, Através das lições do sofrimento, Como ser mais feliz. Agradeço a alegria Que me dispensas pelas afeições, A bênção de ternura, Em cuja luz balsâmica me pões Sob chuvas de flor; E agradeço a amargura Que a incompreensão me traga, O estilete da crítica ferina, Que tanta vez me oprime o peito em chaga Para que eu saiba amar sem reclamar amor. Agradeço o sorriso da esperança Com que me fazes crer na verdade do sonho, A segura certeza com que aguardo O futuro risonho Pela fé natural; E agradeço-te a lágrima dorida, Com que me alimpas a visão, A fim de que eu prossiga, trilha afora, Sem caminhar, em vão, Sob a névoa do mal. Agradeço por tudo o que me deste, A ventura, a afeição, a dor, a prova, O dom de discernir e o dom de compreender, O fel da humilhação que me renova Para que eu permaneça em ti no meu próprio dever… Mas rogo-te, Senhor, Quando me veja Sob a perseguição e o sarcasmo das trevas, No exercício do bem, Não me deixes perder a paz a que me elevas, Nem me deixes ferir ou condenar ninguém. |
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