Antologia dos Imortais

Versão para cópia
Capítulo XXVI

Pedro Velho

Rompendo a bruma, em louca arremetida, avança

No incrível desvario em que se deblatera,

Onde a sombra abismal domina, esfera a esfera,

O triste obsessor, faminto de esperança.


Preso ao mal que atormenta e à dor que não descansa,

O que mais o acabrunha e o que mais o exaspera

É sua estranha volta aos instintos da fera,

Na loucura feroz que o propele à vingança.


Espírito infeliz, padece no braseiro

De flagelo mental, gargalhante e escarninho,

Mil remorsos bramindo em torvo cativeiro…


Mas ao toque do amor, sem que a treva o degrade,

Arrepende-se e clama, ante o novo caminho,

Para nova missão na glória da humildade.


PEDRO de Castro VELHO — Patrono, na Academia Sul-Riograndense de Letras, da cadeira nº 32, e colaborador de diversos jornais e periódicos de sua terra natal dentre outros, , , . A princípio, foi Pedro Velho grande poeta romântico, “intérprete espontâneo da desesperança e da piedade”, segundo a expressão de João Pinto da Silva (, págs. 120 e 124); depois, transformou-se “num profissional do humorismo”, muito embora continuasse, no íntimo, a alimentar-se do mesmo “pessimismo e da mesma angústia (, pág. 126). (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 29 de Junho de 1882 — Porto Alegre, 7 de Setembro de 1919.)

BIBLIOGRAFIA: .



Sobre o esquema rimático dos tercetos, cf. o soneto “Primavera” (apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág, 196), uma de suas produções isentas de imagens negativas.


(Psicografia de Waldo Vieira)



Francisco Cândido Xavier


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 26.
Para visualizar o capítulo 26 completo, clique no botão abaixo:

Ver 26 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?