Antologia dos Imortais
Versão para cópiaCiro Costa
Atravessara, aflito, os umbrais do outro mundo E, ao erguer-se da lousa, exânime, febrento, No sepulcro imagina o suntuoso aposento Onde, a sós, afagava o tesouro infecundo. — “Meu dinheiro!” — reclama, exasperado e atento. “Ouro! Meu ouro só! Por nada me confundo! Ladrões! Quem me furtou?” — esbraveja iracundo Em largo desafio aos sarcasmos do vento. Ouve o silêncio em torno e ruge: — “Agora, agora! Achei meu cofre! Achei!…” — gargalha, grita, chora, Na homérica ilusão que ele mesmo proclama… Inclina-se. Algo colhe e, em delírio perfeito, Investe contra a sombra e aperta contra o peito Velha tampa de esquife empastada de lama. |
CIRO COSTA — Depois de formar-se em Direito pela Faculdade de S. Paulo, o artista de “Pai João” viajou pela Europa e pelo Oriente, chegando a visitar a Índia e o Egito. Residiu por algum tempo no Rio de Janeiro. Juntamente com Olavo Bilac, Martins Fontes e outros intelectuais, fundou a “Sociedade dos Homens de Letras do Brasil”. Colaborou nas revistas paulistas da época, dentre elas e . Eleito para a Academia Paulista de Letras, não chegou a tomar posse. “Ciro Costa era uma irradiação larga, amplíssima de talento e de simpatia” — afirma Marques da Cruz na Revista da Academia Paulista de Letras, n° 25, pág. 169. “Epígono da geração acadêmica do Romantismo”, fundamentalmente um romântico, ele viveu, porém, a vida da sua época. “Foi parnasiano e simbolista” — escreve Marques da Cruz, concluindo. (Limeira, Est. de S. Paulo, 18 de Março de 1879 — Rio de Janeiro, Gb, 22 de Junho de 1937.)
BIBLIOGRAFIA: ; .
Epímone. — .
Ricochete: “… — Agora, agora!”
“Achei meu cofre! Achei!…”: Mesarquia. . Observe-se, ainda, a adequação dos verbos a exprimir uma gradação ascendente.
Epímone. — .
(Psicografia de Waldo Vieira)
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