Antologia dos Imortais
Versão para cópiaErasmo Júnior
Às vezes, dizes: “Trabalho É carroção que não puxo.” E avanças devagarinho Para a gaiola do luxo. Lá dentro, acabas suando, Qual estudante no espicho, Aprendendo, muito tarde, Que o ócio é cama de lixo. Entornas grandes promessas Em fala, sonho, debuxo, No entanto, buscas, primeiro, Conforto, destaque, luxo… Consomes a força e o tempo Em sono, prato, cochicho, E, um dia, clamas debalde No escuro montão do lixo. Anseias dinheiro a rodo, Cheque e cheque em papelucho, Regalo de toda espécie, Caminho talhado em luxo… Mas, depois de tanto fausto, Tanto enfeite, tanto nicho, Mergulhas além da morte Na grande maré do lixo. Não conserves a existência Por tesouro no cartucho. Muita gente afunda e morre No antigo atascal do luxo. O bem de todos é a lei Que a vida guarda a capricho. Repara que todo excesso Vem do luxo e cai no lixo. |
ERASMO JÚNIOR (Deraldo Dias de Morais) — Formou-se, em 1918, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Catedrático de latim no então Ginásio da Bahia. Na revista , criou uma seção de versos humorísticos intitulada “A Bandurra de Ferro”, assinando-a com o pseudônimo Erasmo Júnior, geralmente usado em suas produções poéticas, segundo informa Aloysio de Carvalho Filho (, pág. 161). Pertenceu à Academia de Letras da Bahia, tendo ocupado a cadeira n° 19. (Salvador, Bahia, 24 de Fevereiro de 1896 — Salvador, 9 de Agosto de 1943.)
(Psicografia de Waldo Vieira)
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