Antologia dos Imortais

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Capítulo XLVIII

Erasmo Júnior


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Às vezes, dizes: “Trabalho

É carroção que não puxo.”

E avanças devagarinho

Para a gaiola do luxo.

Lá dentro, acabas suando,

Qual estudante no espicho,

Aprendendo, muito tarde,

Que o ócio é cama de lixo.


Entornas grandes promessas

Em fala, sonho, debuxo,

No entanto, buscas, primeiro,

Conforto, destaque, luxo…

Consomes a força e o tempo

Em sono, prato, cochicho,

E, um dia, clamas debalde

No escuro montão do lixo.


Anseias dinheiro a rodo,

Cheque e cheque em papelucho,

Regalo de toda espécie,

Caminho talhado em luxo…

Mas, depois de tanto fausto,

Tanto enfeite, tanto nicho,

Mergulhas além da morte

Na grande maré do lixo.


Não conserves a existência

Por tesouro no cartucho.

Muita gente afunda e morre

No antigo atascal do luxo.

O bem de todos é a lei

Que a vida guarda a capricho.

Repara que todo excesso

Vem do luxo e cai no lixo.


ERASMO JÚNIOR (Deraldo Dias de Morais) — Formou-se, em 1918, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Catedrático de latim no então Ginásio da Bahia. Na revista , criou uma seção de versos humorísticos intitulada “A Bandurra de Ferro”, assinando-a com o pseudônimo Erasmo Júnior, geralmente usado em suas produções poéticas, segundo informa Aloysio de Carvalho Filho (, pág. 161). Pertenceu à Academia de Letras da Bahia, tendo ocupado a cadeira n° 19. (Salvador, Bahia, 24 de Fevereiro de 1896 — Salvador, 9 de Agosto de 1943.)


(Psicografia de Waldo Vieira)



Francisco Cândido Xavier


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