Antologia dos Imortais
Versão para cópiaJorge de Lima
Lá vai… — Que é? — Um oceano de suor. Lá vai… — De onde vem? — Da nascente do nada. Lá vai… 36 — Aonde vai? — Ao estuário do infinito. Afinal, a libertação. Momento de apoteose na Eternidade. Fieiras de milênios e de vidas… Labirintos de ideias e paixões… Andanças, quedas, levantares, novas quedas, novos recomeços… Agora, outras formas, outras dimensões, outros grãos da poeira cósmica. Novos céus, novas terras, novos Cristos… Múltiplas emoções fluem da Inteligência. Novos ares do Universo, novos panoramas, novas perspectivas no calidoscópio do existente… Rompimento do indevassável, vitória sobre o impossível, disciplina do caos… Além dentro do ser… Além sem limitações… Além, além do além… Convivência mais íntima nas causas… Aonde pensa o viandante das nebulosas? O que faz ele? Qual a sua fisionomia? Voltará por aqui? Ninguém sabe… Ninguém sabe… |
JORGE Mateus DE LIMA — Tendo concluído o curso médico, em 1914, no Rio de Janeiro, volta Jorge de Lima, em 1922, a Maceió, onde é recebido como o “Príncipe dos Poetas Alagoanos”. Poeta, romancista, jornalista, contista, ensaísta, professor de Literatura na Universidade do Brasil, era um talento multívio. Em sua última fase literária, após ter abandonado o modernismo regionalista que tanta fama lhe trouxera, J. de Lima “incursionou pela poesia religiosa e terminou cultuando uma poesia quase abstrata, ou tirante a escrita automática”. (Péricles E. da Silva Ramos, , III, t. 1, pág. 609.) Referindo-se ao Livro de Sonetos do poeta, J. Fernando Carneiro “informa, com sua autoridade de médico, amigo e exegeta de Jorge de Lima, que ele escreveu todo o livro, 77 sonetos e mais 25 que continuaram inéditos, em pleno estado e no espaço apenas de 10 dias”. (A. Rangel Bandeira, , pág. 115.) “O poeta que escreveu a , e se chamou Jorge de Lima,” — disse Eduardo Portella — “foi dos mais complexos e fortes de toda a nossa poesia moderna.” “Muitas vezes” — observa Rangel Bandeira (, pág.
123) — “Invenção de Orfeu dá a impressão de ter sido um livro psicografado; era Jorge de Lima que registrava seu próprio delírio.” Segundo Fernando Carneiro, o poeta alagoano foi “a encarnação da bondade”: “Tudo em Jorge de Lima estava envolto num halo de bondade, até a sua tristeza, até as suas fraquezas.” (União dos Palmares, Est. de Alagoas, 23 de Abril de 1893 * — Rio de Janeiro, Gb, 15 de Novembro de 1953.) — (*) Ver Antônio Rangel Bandeira, Op. cit., pág. 16.
BIBLIOGRAFIA: ; ; ; ; ; etc.
. Vamos, em seguida, transcrever pequeno trecho do “Poema do Cristão”, de A Túnica Inconsútil (apud Luiz Santa Cruz, N. Cl., nº 26, pág. 57), de autoria do distinto poeta, quando ainda entre os homens:
“Os milênios passados e os futuros
não me aturdem porque nasço e nascerei,
porque sou uno com todas as criaturas,
com todos os seres, com todas as coisas,
que eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e compreendo com a inteligência
transfigurada em Cristo.
Tenho os movimentos alargados.
Sou ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou malhado dos limos primitivos,
e ao mesmo tempo ressoo as trombetas finais,
compreendo todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho glóbulos de sangue das raças mais opostas.”
2-15. Exemplos de anadiplose: “…este meu corpo, / este meu corpo… — “E esta luz,/ esta luz que…”
5-18-23. “Para onde foram as minhas rugas?!/ Esconderam-se as rugas”; “Se não estivesse tão calmo, teria medo,/ muito medo…”; “Mas, a memória!?/ Oh! memória”. Exemplos de epífora: “Nome dado à FIGURA que resulta quando se repete a mesma palavra ou frase no fim de vários 5ERSOS…” (Geir Campos, Op. cit.)
7-8. Aonde-Onde. No Roteiro Literário do Brasil e de Portugal, vol. I, pág. 48, nota 5, lê-se: “onde: aonde. Nos melhores autores, antigos ou modernos, não se observa, em geral, a distinção entre onde e aonde que os gramáticos acham ser de rigor.”
Refere-se o poeta à possibilidade que tem o Espírito de se locomover pela volitação.
29-36. Exemplos de anáfora: “Ah! se eu pudesse!” e “Lá vai…”
Atente-se na hipérbole.
Observem-se a enumeração e os diversos exemplos de poliptoto.
Anáfora.
Epanalepse, mesarquia e mesotelêuton: “Além, além do além…”
Observe-se, ainda, a palilogia: “Ninguém sabe… / Ninguém sabe…” Palilogia: “Nome dado à FIGURA que resulta quando se repete por inteiro uma frase ou um VERSO,… (Geir Campos, Op. cit.)
(Psicografia de Waldo Vieira)
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