Augusto Vive

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Capítulo XI

Doentes ocultos


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Prezada irmã. Recebi o seu chamado, através da campainha de vibrações. Ouvi e compareci.

Alcancei, porém, o seu lar, não para servir e sim no encargo de aprender. Vi as lágrimas que a luz da prece lhe arrancava do coração para os olhos, junto do filhinho paralítico e parei comovido.

No aposento singelo a limpeza contava quanto lhe custa o zelo de mãe e nos olhos da criança doente, parados na direção da sua face, pude notar o amor com que a senhora resguarda o filho que a Divina Providência lhe confiou. Compreendi.

Os seus pensamentos vagavam longe, imaginando fitar os meninos felizes a brincarem nos parques enfeitados de verde ao ouro do sol e perguntavam, intimamente: “Por que meu filho será assim?” A senhora havia lido algumas páginas despretensiosas deste seu servidor e solicitara-nos cooperação, em auxílio ao pequenino, lembrando que decerto tivera eu igualmente um coração de mãe a proteger-me.

Sim, concordei. Fora eu também criança, reinando no lar, sob a ternura de pais amorosos que me adivinhavam todos os desejos. Cresci entre a mesada e a bola, desfrutando o conforto da casa que Deus me concedera para nascer. Entre brinquedos e beijos que me encharcavam de alegria, igualmente não me faltavam avisos e conselhos.

Acontece, no entanto, que a vida cedo me transferiu para o clima espiritual, onde prossegui na escola, de que necessitava, até que cheguei à sua aula de abnegação.

Reconheci para logo que me sentia incapacitado para socorrê-la, entretanto, se nada pude fazer senão compartilhar das suas orações, abraçando-lhe o pequeno inerte, posso talvez consolá-la, apresentando-lhe à lembrança os numerosos doentes ocultos em condições muito mais graves que a do seu querido tutelado, a exibirem saúde aparente nos salões e passarelas do mundo.

Quero referir-me aos companheiros adolescentes da Terra que abandonam a própria casa, a fim de se esconderem no nevoeiro dos tóxicos que lhes aniquilam a existência; os que desertam da responsabilidade de trabalhar e da bênção de sofrer, para se atirarem às furnas do suicídio; aqueles que pisam sobre os familiares e amigos abençoados, para se marginalizarem nas aventuras perigosas com difíceis caminhos de volta ao equilíbrio doméstico e aqueles outros que se rebelam contra as leis da vida, transformando-se em flagelos sociais, portadores de infortúnio e delinquência.

Senhora, meditando nessa multidão de enfermos desconhecidos, vejo em seu pequeno prisioneiro uma estrela a guiar-lhe a vida para as mais altas alegrias do amor.

Então, se algo consigo fazer, à frente da sua renúncia, rogo aos Céus para que minha mãe, a quem amo tanto, junto de mim, seu filho que anda e escreve, fala e se movimenta à vontade, possa encontrar a mesma segurança e a mesma tranquilidade que a senhora encontra, junto ao filho querido que Deus lhe concedeu.




Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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