CAPÍTULO X

Gênese Orgânica [1]

O homem corpóreo
• Item 30 •
Por aí o materialismo pode ver que o Espiritismo, longe de temer as descobertas da Ciência e o seu positivismo, vai ao encontro deles e os provoca, porque está certo de que o princípio espiritual, que tem existência própria, em nada pode com elas sofrer.
O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas avança para além do ponto em que este se detém. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, um diz: “Não posso ir mais longe”. O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por quê, então, o primeiro diz que o segundo é louco? só porque, entrevendo novos horizontes, o segundo se decide a transpor os limites que o outro julga por bem não avançar? Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo além do oceano? Quantos desses loucos sublimes a História não conta, que têm feito a Humanidade avançar e aos quais se tecem coroas, depois de lhes haver atirado lama.
?ois bem! O Espiritismo, esta loucura do século dezenove, segundo os que se obstinam em permanecer ligados à Terra, nos torna evidente todo um mundo, bem mais importante para o homem do que a América, visto que nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de um só, vão ao mundo dos Espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro. Chegados, portanto, ao ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.

[1] N. do T.: A palavra – “corpóreo” – não faz parte do original francês que serviu de base para esta tradução. Consta, porém, no “Sumário” da obra e, mais adiante, no subtítulo que trata dos itens 26 a 30 deste capítulo, razão por que a inserimos neste livro.

[2]N. de A. K.: O quadro abaixo, da análise de algumas substâncias, mostra a diferença de propriedades que resulta tão só da variação na proporção em que entram os elementos constituintes. Sobre 100 partes, temos:

[3] N. do T.: Allan Kardec, neste como em outros pontos, serviu-se dos conhecimentos científicos da época em que viveu, e não podia ir além. Hoje, porém, está sobejamente comprovado pela Ciência que não existe geração espontânea, nem mesmo para os seres “das ordens mais inferiores” da Criação, como vírus e bactérias, por exemplo. Não se deve esquecer, entretanto, que Kardec teve o cuidado de apresentar a teoria da geração espontânea como hipótese provável, e não como princípio constitutivo da Doutrina Espírita. (Ver item 23.)

[4]N. de A. K.: Veja-se na Revista Espírita de julho de 1868, o desenvolvimento da teoria da geração espontânea. [Artigo: “A geração espontânea e A Gênese”.]


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