CAPÍTULO XI

Gênese Espiritual[1]

Encarnação dos Espíritos
• Item 23 •
Tomando-se a Humanidade no grau mais ínfimo da escala intelectual, como se encontra nos mais atrasados selvagens, pergunta-se se aí está o ponto inicial da alma humana. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades; seria, por assim dizer, o seu período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal.
Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à Criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação a seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem, mas os atributos especiais de que se acha dotado ao entrar na Humanidade, atributos que o transformam e dele fazem um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo.
Mas este sistema levanta numerosas questões, que não convém discutir aqui, assim como não vale a pena examinar as diferentes hipóteses que se têm formulado sobre este assunto. Sem, pois, pesquisarmos a origem da alma, sem procurarmos conhecer as fieiras pelas quais ela porventura haja passado, tomamo-la ao entrar na Humanidade, no ponto em que, dotada de senso moral e de livre-arbítrio, começa a incorrer na responsabilidade de seus atos.


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