CAPÍTULO XI

Gênese Espiritual[1]

Doutrina dos anjos decaídos e do paraíso perdido [7]
• Item 47 •
Um exemplo familiar, notável por sua analogia, tornará ainda mais compreensíveis os princípios que acabam de ser expostos.
A 24 de maio de 1861, a fragata Ifigênia transportou à Nova Caledônia uma companhia disciplinar composta de 291 homens. À chegada, o comandante lhes baixou uma ordem do dia concebida nos seguintes termos:

“Pondo os pés nesta terra longínqua, já sem dúvida compreendestes o papel que vos está reservado.
A exemplo dos bravos soldados da nossa marinha, que servem sob as vossas vistas, ajudar-nos-eis a levar com brilho o facho da civilização ao seio das tribos selvagens da Nova Caledônia. Não é uma bela e nobre missão, pergunto? Desempenhá-la-eis dignamente.
Escutai a palavra e os conselhos dos vossos chefes. Estou à frente deles. Entendei bem as minhas palavras.
A escolha do vosso comandante, dos vossos oficiais, dos vossos suboficiais e cabos constitui garantia certa de que todos os esforços serão tentados para fazer de vós excelentes soldados; digo mais: para vos elevar à altura de bons cidadãos e vos transformar em colonos honrados, se o quiserdes.
A nossa disciplina é severa e assim deve ser. Colocada em nossas mãos, ela será firme e inflexível, ficai sabendo, do mesmo modo que, justa e paternal, saberá distinguir o erro do vício e da degradação...”.
Aí tendes um punhado de homens expulsos, pelo seu mal proceder, de um país civilizado, e mandados, por punição, para o meio de um povo bárbaro. Que lhes diz o chefe? – “Infringistes as leis do vosso país; nele vos tornastes causa de perturbação e escândalo e fostes expulsos; mandam-vos para aqui, mas aqui podeis resgatar o vosso passado; podeis, pelo trabalho, criar para vós uma posição honrosa e vos tornar cidadãos honestos. Tendes uma bela missão a cumprir: levar a civilização a estas tribos selvagens. A disciplina será severa, mas justa, e saberemos distinguir os que procederem bem. Tendes a sorte nas vossas mãos; podereis melhorá-la, se o quiserdes, porque tendes o livre-arbítrio”.
Para aqueles homens, lançados ao seio da selvageria, a mãe-pátria não é um paraíso que eles perderam pelas suas próprias faltas e por se rebelarem contra a lei? Naquela terra distante não são eles anjos decaídos? A linguagem do chefe não é idêntica à de que Deus utilizou quando falou aos Espíritos exilados na Terra: “Desobedecestes às minhas leis e, por isso, eu vos expulsei do mundo onde podíeis viver felizes e em paz. Aqui, estareis condenados ao trabalho; mas podereis, pelo vosso bom procedimento, merecer perdão e reconquistar a pátria que perdestes por vossa falta, isto é, o céu?”.


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