CAPÍTULO XIV

Os Fluidos

Aparições. Transfigurações
• Item 36 •
É de notar-se que as aparições tangíveis só têm da matéria carnal as aparências, sem, contudo, terem as suas qualidades. Em virtude da natureza fluídica que as caracteriza, não podem ter a mesma coesão da matéria, porque, na realidade, elas não possuem carne. Formam-se instantaneamente e desaparecem do mesmo modo ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. [14] Os seres que se apresentam nessas condições não nascem nem morrem como os outros homens. São vistos e deixam de ser vistos, sem que se saiba de onde vêm, como vieram, nem para onde vão. Ninguém os poderia matar, nem prender, nem encarcerar, visto que não têm corpo carnal. Os golpes que porventura se lhes desferissem atingiriam somente o vácuo.
Tal o caráter dos agêneres, com os quais se pode conversar e trocar ideias, sem suspeitar da sua natureza, mas que não demoram longo tempo entre os homens e não podem tornar-se comensais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família. [15]

Além disso, os agêneres denotam sempre, em suas atitudes, qualquer coisa de estranho e de insólito que lembra ao mesmo tempo a materialidade e a espiritualidade: neles, o olhar é simultaneamente vaporoso e penetrante, não possuindo a nitidez do olhar através dos olhos de carne; a linguagem, breve e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem humana; a aproximação deles causa uma sensação particular e indefinível de surpresa, que inspira uma espécie de temor, e quem com eles se põe em contato, embora os tome por indivíduos quais todos os outros, é levado a dizer involuntariamente: Ali está uma criatura singular. [16]


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