A Gênese
Versão para cópiaCAPÍTULO III
O Bem e o Mal
Destruição dos seres vivos uns pelos outros
• Item 24 •
• Item 24 •
Nos seres inferiores da Criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, nos quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por objetivo senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das necessidades materiais mais imperiosas é a da alimentação. Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida.
No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por alvo a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; o homem então luta, não mais para se alimentar, mas para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho e à necessidade de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida que prepondera o senso moral, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acabando mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem tem horror ao sangue.
Entretanto, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois mesmo chegando a esse ponto que nos parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de muita atividade adquire conhecimentos, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, e não mais com os seus semelhantes. [5]
[1] N. do T.: Veja-se a nota de rodapé nº 12, p. 81.
[2]N. de A. K.: O erro consiste em pretender-se que a alma tenha saído perfeita das mãos do Criador, quando este, ao contrário, quis que a perfeição fosse resultado da depuração gradual do Espírito e sua própria obra. Quis Deus que a alma, em virtude do seu livre-arbítrio, pudesse optar entre o bem e o mal e chegasse às suas finalidades últimas de forma militante e resistindo ao mal. Se tivesse criado a alma tão perfeita quanto Ele, e, saindo de suas mãos, a houvesse associado à sua beatitude eterna, Deus tê-la-ia feito não à sua imagem, mas semelhante a si próprio. (Bonnamy, juiz de instrução: A razão do Espiritismo, cap. VI.)
[3]N. de A. K.: Veja-se a Revista Espírita, agosto de 1864, “Extinção das raças”.
[4] N. do T.: A “extinção das raças” a que se refere Kardec é contemplada no artigo “Questões e problemas – Destruição dos aborígenes do México”. Veja-se as pp. 325-333 da Revista Espírita de agosto de 1864, 3. ed., FEB.
[5]N. de A. K.: Sem prejulgar das consequências que se possam tirar desse princípio, apenas quisemos demonstrar, mediante essa explicação, que a destruição dos seres vivos uns pelos outros em nada infirma a sabedoria divina, e que tudo se encadeia nas Leis da Natureza. Esse encadeamento forçosamente se quebra, desde que se abstraia do princípio espiritual. Muitas questões permanecem insolúveis, por se levar em conta somente a matéria. As doutrinas materialistas trazem em si o princípio de sua própria destruição. Têm contra si não só o antagonismo com as aspirações da universalidade dos homens e suas consequências morais, que farão que elas sejam repelidas como dissolventes da sociedade, mas também a necessidade que o homem experimenta de se inteirar de tudo o que resulta do progresso. O desenvolvimento intelectual conduz o homem à pesquisa das causas. Ora, por pouco que ele reflita, não tardará a reconhecer a impotência do materialismo para tudo explicar. Como é possível que doutrinas que não satisfazem ao coração, nem à razão, nem à inteligência, que deixam problemáticas as mais vitais questões, venham a prevalecer? O progresso das ideias aniquilará o materialismo, como matou o fanatismo.
No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por alvo a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; o homem então luta, não mais para se alimentar, mas para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho e à necessidade de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida que prepondera o senso moral, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acabando mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem tem horror ao sangue.
Entretanto, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois mesmo chegando a esse ponto que nos parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de muita atividade adquire conhecimentos, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, e não mais com os seus semelhantes. [5]
[1] N. do T.: Veja-se a nota de rodapé nº 12, p. 81.
[2]N. de A. K.: O erro consiste em pretender-se que a alma tenha saído perfeita das mãos do Criador, quando este, ao contrário, quis que a perfeição fosse resultado da depuração gradual do Espírito e sua própria obra. Quis Deus que a alma, em virtude do seu livre-arbítrio, pudesse optar entre o bem e o mal e chegasse às suas finalidades últimas de forma militante e resistindo ao mal. Se tivesse criado a alma tão perfeita quanto Ele, e, saindo de suas mãos, a houvesse associado à sua beatitude eterna, Deus tê-la-ia feito não à sua imagem, mas semelhante a si próprio. (Bonnamy, juiz de instrução: A razão do Espiritismo, cap. VI.)
[3]N. de A. K.: Veja-se a Revista Espírita, agosto de 1864, “Extinção das raças”.
[4] N. do T.: A “extinção das raças” a que se refere Kardec é contemplada no artigo “Questões e problemas – Destruição dos aborígenes do México”. Veja-se as pp. 325-333 da Revista Espírita de agosto de 1864, 3. ed., FEB.
[5]N. de A. K.: Sem prejulgar das consequências que se possam tirar desse princípio, apenas quisemos demonstrar, mediante essa explicação, que a destruição dos seres vivos uns pelos outros em nada infirma a sabedoria divina, e que tudo se encadeia nas Leis da Natureza. Esse encadeamento forçosamente se quebra, desde que se abstraia do princípio espiritual. Muitas questões permanecem insolúveis, por se levar em conta somente a matéria. As doutrinas materialistas trazem em si o princípio de sua própria destruição. Têm contra si não só o antagonismo com as aspirações da universalidade dos homens e suas consequências morais, que farão que elas sejam repelidas como dissolventes da sociedade, mas também a necessidade que o homem experimenta de se inteirar de tudo o que resulta do progresso. O desenvolvimento intelectual conduz o homem à pesquisa das causas. Ora, por pouco que ele reflita, não tardará a reconhecer a impotência do materialismo para tudo explicar. Como é possível que doutrinas que não satisfazem ao coração, nem à razão, nem à inteligência, que deixam problemáticas as mais vitais questões, venham a prevalecer? O progresso das ideias aniquilará o materialismo, como matou o fanatismo.
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