CAPÍTULO IV

O Papel da Ciência na Gênese


• Item 6 •
A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela Ciência, não poderia hoje aceitar e outros que parecem estranhos e repelentes, porque resultam de costumes que já não são os nossos. Mas, a par disso, haveria parcialidade em não se reconhecer que ela contém grandes e belas coisas. A alegoria ocupa ali considerável espaço, ocultando sob o seu véu sublimes verdades, que se tornam claras desde que se desça ao âmago do pensamento, pois logo o absurdo desaparece.
Por quê, então, não se lhe ergueu mais cedo o véu? De um lado, por falta de luzes que só a Ciência e uma sã filosofia podiam fornecer e, de outro lado, por efeito do princípio da imutabilidade absoluta da fé, consequência de um respeito demasiado cego à letra, sob o qual a razão devia inclinar-se, e pelo temor de comprometer a estrutura das crenças, erguida sob o sentido literal. Como tais crenças partissem de um ponto primitivo, temeu-se que, se o primeiro anel da cadeia se rompesse, todas as malhas da rede acabassem por se separar. Fecharam-se então os olhos obstinadamente. Mas fechar-se os olhos ao perigo não é evitá-lo. Quando uma construção se afasta do prumo, não manda a prudência que se substituam imediatamente as pedras ruins por pedras boas, em vez de se esperar, pelo respeito que infunde a solidez do edifício, que o mal se torne irremediável e que se faça preciso reconstruí-lo de cima a baixo?


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