A Gênese
Versão para cópiaCAPÍTULO VII
Esboço Geológico da Terra
Período pós-diluviano ou atual. Nascimento do homem
• Item 49 •
• Item 49 •
O homem só terá existido realmente na Terra depois do período diluviano, ou terá surgido antes dessa época? Esta questão é muito controvertida hoje, mas a sua solução, seja ela qual for, nada mudará no conjunto dos fatos verificados, nem fará que o aparecimento da espécie humana não seja anterior, de muitos milhares de anos, à data que lhe assinala a Gênese bíblica.
O que levou a pensar que o advento dos homens ocorreu posteriormente ao dilúvio foi o fato de não se ter achado vestígio autêntico da sua existência no período anterior. As ossadas descobertas em diversos lugares e que resultaram na crença da existência de uma raça de gigantes antediluvianos foram reconhecidas como pertencentes a elefantes.
O que está fora de dúvida é que o homem não existia nem no período primário, nem no de transição, nem no secundário, não só porque não se descobriu nenhum vestígio dele, como também porque não havia condições de vitalidade para ele. Se o seu aparecimento se deu no terciário, só pode ter sido no fim desse período e em pequena quantidade.
Além disso, por ter sido curto, o período diluviano não determinou mudanças notáveis nas condições atmosféricas, tanto que eram os mesmos os animais e os vegetais, antes e depois dele. Não é, pois, impossível que o aparecimento do homem tenha precedido esse grande cataclismo; está hoje comprovada a existência do macaco naquela época e recentes descobertas parecem confirmar a do homem. [14]
Seja como for, quer o homem tenha aparecido ou não antes do grande dilúvio universal, o que é certo é que o seu papel humanitário somente começou a esboçar-se no período pós-diluviano. Esse período, portanto, pode ser caracterizado pela presença do homem na Terra.
[1]N. de A. K.: Fóssil, do latim fossilia, fossilis, derivado de fossa e de fodere, cavar, escavar a terra, é uma palavra que em Geologia se emprega para designar corpos ou despojos de corpos orgânicos de seres que viveram anteriormente às épocas históricas. Por extensão, diz-se igualmente das substâncias minerais que revelam traços da presença de seres organizados, tais como as marcas deixadas por vegetais ou animais. O termo petrificação só se emprega com relação aos corpos que se transformaram em pedra, pela infiltração de matérias silicosas ou calcárias nos tecidos orgânicos. Todas as petrificações são necessariamente fósseis, mas nem todos os fósseis são petrificações. Nos objetos que se revestem de uma camada pedregosa quando mergulhados em certas águas carregadas de substâncias calcárias, como as do regato de Saint-Allyre, perto de Clermont, no Auvergne [França], não são petrificações propriamente ditas, mas simples incrustações. Quanto aos monumentos, inscrições e objetos provenientes de fabricação humana, esses pertencem ao domínio da Arqueologia.
[2]N. de A. K.: No ponto a que Georges Cuvier levou a ciência paleontológica, basta, frequentemente, um só osso para determinar o gênero, a espécie, a forma de um animal, seus hábitos e, mesmo, para o reconstruir todo.
[3] N. do T.: Kardec se serve aqui do termo calórico. Segundo teoria em voga no século XIX, trata-se de um fluido hipotético que seria o elemento responsável pelos fenômenos térmicos.
[4] N. do T.: Kardec não leva em conta os aerólitos nem a poeira cósmica que se vêm juntando à Terra com o correr dos tempos. Para mais detalhes quanto a este ponto, vide, na Revista Espírita de setembro de 1868, o artigo intitulado: “Aumento e diminuição do volume da Terra”, sobretudo a dissertação do Espírito Galileu, ali contida. Tal artigo também se acha parcialmente comentado nesta obra, no cap. IX, item 15.
[5]N. de A. K.: Planta que vive nos pântanos, vulgarmente chamada cavalinha.
[6]N. de A. K.: A turfa se formou da mesma maneira, pela decomposição dos amontoados de vegetais, em terrenos pantanosos, mas com a diferença de que, sendo de formação muito mais recente e sem dúvida em outras condições, ela não teve tempo de se carbonizar.
[7]N. de A. K.: Na baía de Fundy (Nova Escócia), o Sr. Lyell encontrou, numa camada de hulha de espessura de 400 metros, 68 níveis diferentes, apresentando traços evidentes de muitos solos de florestas, de cujas árvores os troncos ainda estavam guarnecidos de suas raízes. (L. Figuier) Não dando mais de mil anos para a formação de cada um desses níveis, já teríamos68:000 anos só para essa camada de hulha.
[8]N. de A. K.: O primeiro fóssil deste animal foi descoberto na 1nglaterra, em 1823. Depois, encontraram-se outros na França e na Alemanha.
[9]N. da E.: Somente após a desencarnação do autor, ocorrida em 1869, foram descobertos, na 1nglaterra, fragmentos suficientes à montagem de um exemplar completo, pelos paleontólogos, permitindo melhor elucidar detalhes da descrição desse dinossauro. Ficou, então, claro que ele tinha uma calosidade óssea sobre o focinho, como os iguanídeos têm uma crista espinhosa no dorso, inexistindo chifres, que, no entanto, eram bastante evidentes em outros monstros, como nos saurópodos.
[10]N. de A. K.: Foram encontradas nos Andes (América do Sul), camadas de calcário conchífero, a 5.000 metros acima do nível do oceano.
[11]N. de A. K.: Um desses blocos, provindo evidentemente, pela sua composição, das montanhas da Noruega, serve de pedestal à estátua de Pedro, o Grande, em São Petersburgo (Rússia).
[12]N. de A. K.: Em 1771, o naturalista russo Pallas encontrou nos gelos do Norte o corpo inteiro de um mamute revestido de pele e conservando parte das suas carnes. Em 1799, descobriu-se outro, igualmente encerrado num enorme bloco de gelo, na embocadura do rio Lena, na Sibéria, e que foi descrito pelo naturalista Adams. Os iacutos das circunvizinhanças lhe despedaçaram as carnes para alimentar seus cães. A pele se achava coberta de pelos negros e o pescoço estava guarnecido por espessa crina. A cabeça, sem as presas, que mediam mais de 3 metros, pesava mais de 400 libras. Seu esqueleto está no museu de São Petersburgo. Nas ilhas e nas bordas do mar glacial encontra-se tão grande quantidade de presas, que elas fazem objeto de considerável comércio, sob o nome de marfim fóssil ou da Sibéria.
[13]N. de A. K.: Conhece-se grande número de cavernas semelhantes, algumas de enorme extensão. Várias existem no México, de muitas léguas. A de Aldesberg, em Carniola (Áustria), não tem menos de 3 léguas. Uma das mais notáveis é a de Gailenreuth, em Würtemberg (Alemanha). Há muitas delas na França, na 1nglaterra, na Sicília (Itália) e em outras regiões da Europa.
[14]N. de A. K.: Veja-se O homem antediluviano, por Boucher de Perthes; Os instrumentos de pedra, idem; Discurso sobre as revoluções do globo, por Georges Cuvier, comentado pelo Dr. Hoefer.
O que levou a pensar que o advento dos homens ocorreu posteriormente ao dilúvio foi o fato de não se ter achado vestígio autêntico da sua existência no período anterior. As ossadas descobertas em diversos lugares e que resultaram na crença da existência de uma raça de gigantes antediluvianos foram reconhecidas como pertencentes a elefantes.
O que está fora de dúvida é que o homem não existia nem no período primário, nem no de transição, nem no secundário, não só porque não se descobriu nenhum vestígio dele, como também porque não havia condições de vitalidade para ele. Se o seu aparecimento se deu no terciário, só pode ter sido no fim desse período e em pequena quantidade.
Além disso, por ter sido curto, o período diluviano não determinou mudanças notáveis nas condições atmosféricas, tanto que eram os mesmos os animais e os vegetais, antes e depois dele. Não é, pois, impossível que o aparecimento do homem tenha precedido esse grande cataclismo; está hoje comprovada a existência do macaco naquela época e recentes descobertas parecem confirmar a do homem. [14]
Seja como for, quer o homem tenha aparecido ou não antes do grande dilúvio universal, o que é certo é que o seu papel humanitário somente começou a esboçar-se no período pós-diluviano. Esse período, portanto, pode ser caracterizado pela presença do homem na Terra.
[1]N. de A. K.: Fóssil, do latim fossilia, fossilis, derivado de fossa e de fodere, cavar, escavar a terra, é uma palavra que em Geologia se emprega para designar corpos ou despojos de corpos orgânicos de seres que viveram anteriormente às épocas históricas. Por extensão, diz-se igualmente das substâncias minerais que revelam traços da presença de seres organizados, tais como as marcas deixadas por vegetais ou animais. O termo petrificação só se emprega com relação aos corpos que se transformaram em pedra, pela infiltração de matérias silicosas ou calcárias nos tecidos orgânicos. Todas as petrificações são necessariamente fósseis, mas nem todos os fósseis são petrificações. Nos objetos que se revestem de uma camada pedregosa quando mergulhados em certas águas carregadas de substâncias calcárias, como as do regato de Saint-Allyre, perto de Clermont, no Auvergne [França], não são petrificações propriamente ditas, mas simples incrustações. Quanto aos monumentos, inscrições e objetos provenientes de fabricação humana, esses pertencem ao domínio da Arqueologia.
[2]N. de A. K.: No ponto a que Georges Cuvier levou a ciência paleontológica, basta, frequentemente, um só osso para determinar o gênero, a espécie, a forma de um animal, seus hábitos e, mesmo, para o reconstruir todo.
[3] N. do T.: Kardec se serve aqui do termo calórico. Segundo teoria em voga no século XIX, trata-se de um fluido hipotético que seria o elemento responsável pelos fenômenos térmicos.
[4] N. do T.: Kardec não leva em conta os aerólitos nem a poeira cósmica que se vêm juntando à Terra com o correr dos tempos. Para mais detalhes quanto a este ponto, vide, na Revista Espírita de setembro de 1868, o artigo intitulado: “Aumento e diminuição do volume da Terra”, sobretudo a dissertação do Espírito Galileu, ali contida. Tal artigo também se acha parcialmente comentado nesta obra, no cap. IX, item 15.
[5]N. de A. K.: Planta que vive nos pântanos, vulgarmente chamada cavalinha.
[6]N. de A. K.: A turfa se formou da mesma maneira, pela decomposição dos amontoados de vegetais, em terrenos pantanosos, mas com a diferença de que, sendo de formação muito mais recente e sem dúvida em outras condições, ela não teve tempo de se carbonizar.
[7]N. de A. K.: Na baía de Fundy (Nova Escócia), o Sr. Lyell encontrou, numa camada de hulha de espessura de 400 metros, 68 níveis diferentes, apresentando traços evidentes de muitos solos de florestas, de cujas árvores os troncos ainda estavam guarnecidos de suas raízes. (L. Figuier) Não dando mais de mil anos para a formação de cada um desses níveis, já teríamos
[8]N. de A. K.: O primeiro fóssil deste animal foi descoberto na 1nglaterra, em 1823. Depois, encontraram-se outros na França e na Alemanha.
[9]N. da E.: Somente após a desencarnação do autor, ocorrida em 1869, foram descobertos, na 1nglaterra, fragmentos suficientes à montagem de um exemplar completo, pelos paleontólogos, permitindo melhor elucidar detalhes da descrição desse dinossauro. Ficou, então, claro que ele tinha uma calosidade óssea sobre o focinho, como os iguanídeos têm uma crista espinhosa no dorso, inexistindo chifres, que, no entanto, eram bastante evidentes em outros monstros, como nos saurópodos.
[10]N. de A. K.: Foram encontradas nos Andes (América do Sul), camadas de calcário conchífero, a 5.000 metros acima do nível do oceano.
[11]N. de A. K.: Um desses blocos, provindo evidentemente, pela sua composição, das montanhas da Noruega, serve de pedestal à estátua de Pedro, o Grande, em São Petersburgo (Rússia).
[12]N. de A. K.: Em 1771, o naturalista russo Pallas encontrou nos gelos do Norte o corpo inteiro de um mamute revestido de pele e conservando parte das suas carnes. Em 1799, descobriu-se outro, igualmente encerrado num enorme bloco de gelo, na embocadura do rio Lena, na Sibéria, e que foi descrito pelo naturalista Adams. Os iacutos das circunvizinhanças lhe despedaçaram as carnes para alimentar seus cães. A pele se achava coberta de pelos negros e o pescoço estava guarnecido por espessa crina. A cabeça, sem as presas, que mediam mais de 3 metros, pesava mais de 400 libras. Seu esqueleto está no museu de São Petersburgo. Nas ilhas e nas bordas do mar glacial encontra-se tão grande quantidade de presas, que elas fazem objeto de considerável comércio, sob o nome de marfim fóssil ou da Sibéria.
[13]N. de A. K.: Conhece-se grande número de cavernas semelhantes, algumas de enorme extensão. Várias existem no México, de muitas léguas. A de Aldesberg, em Carniola (Áustria), não tem menos de 3 léguas. Uma das mais notáveis é a de Gailenreuth, em Würtemberg (Alemanha). Há muitas delas na França, na 1nglaterra, na Sicília (Itália) e em outras regiões da Europa.
[14]N. de A. K.: Veja-se O homem antediluviano, por Boucher de Perthes; Os instrumentos de pedra, idem; Discurso sobre as revoluções do globo, por Georges Cuvier, comentado pelo Dr. Hoefer.
Acima, está sendo listado apenas o item 49 do capítulo 7.
Para visualizar o capítulo 7 completo, clique no botão abaixo:
Ver 7 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?