Bazar da Vida
Versão para cópiaCorta isso
Quem deseja o dom da paz Que auxilia e reconforta, Ouça o conselho da vida: — “Corta isso, corta, corta…” É que a paz simples e viva Para instalar-se na mente, Nenhuma ilusão aceita, E peso nenhum consente. É por isso que cortar Significa o dever De buscar-se o necessário E quanto ao resto: “esquecer”. Olvida as rixas de casa; A incompreensão do vizinho; O amigo que se afastou; Os entraves do caminho; Qualquer desgosto passado; A provação já vencida; O parente atrapalhado; A fala mal-entendida; A camisa fuchicada; O paletó sem botão; A parede descascada; O conserto do portão; A poeira desatada; A fogueira do sol quente; O vento do temporal Que desabou de repente; O copo de jeribita; O café antigo e morno; O bolo queimado e cru; Os desarranjos do forno; As promessas de mandraca; Qualquer serviço malfeito; A condução atrasada; A conversa sem proveito… Se você procura paz, Que o tranquilize, a contento, Não carregue bagatelas No campo do pensamento. Por isso, é que a vida, quando A nossa ideia se entorta, Está sempre repetindo: — “Corta isso, corta, corta!…” |
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