Bazar da Vida

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Capítulo I

Corta isso


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Quem deseja o dom da paz

Que auxilia e reconforta,

Ouça o conselho da vida:

— “Corta isso, corta, corta…”


É que a paz simples e viva

Para instalar-se na mente,

Nenhuma ilusão aceita,

E peso nenhum consente.


É por isso que cortar

Significa o dever

De buscar-se o necessário

E quanto ao resto: “esquecer”.


Olvida as rixas de casa;

A incompreensão do vizinho;

O amigo que se afastou;

Os entraves do caminho;


Qualquer desgosto passado;

A provação já vencida;

O parente atrapalhado;

A fala mal-entendida;


A camisa fuchicada;

O paletó sem botão;

A parede descascada;

O conserto do portão;


A poeira desatada;

A fogueira do sol quente;

O vento do temporal

Que desabou de repente;


O copo de jeribita;

O café antigo e morno;

O bolo queimado e cru;

Os desarranjos do forno;


As promessas de mandraca;

Qualquer serviço malfeito;

A condução atrasada;

A conversa sem proveito…


Se você procura paz,

Que o tranquilize, a contento,

Não carregue bagatelas

No campo do pensamento.


Por isso, é que a vida, quando

A nossa ideia se entorta,

Está sempre repetindo:

— “Corta isso, corta, corta!…”




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier


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