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Capítulo XIX

O Brasil no concerto das nações


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Meus Amigos, que o Senhor dos Mundos vos encha o coração de muita paz. De novo regresso a esta Casa, a fim de confabular convosco. Isso me é grato ao coração, de modo a examinarmos a complexidade de nossos deveres nos setores das atividades que nos foram conferidas dentro da vida.

Se falamos, da última vez, na dolorosa situação dos tempos modernos, ante as tenebrosas perspectivas e os sinistros vaticínios que pesam sobre a Civilização Ocidental, falaremos hoje da missão do Brasil, no concerto dos povos, como detentor de grandioso trabalho espiritual, no quadro das nações. Como a individualidade humana, os países têm, igualmente, a sua missão definida. A História da Civilização no-lo comprova.

Em cada período de tempo, determinadas nações do mundo são convocadas pelo Alto a essa ou àquela missão especializada, na estrada intérmina dos destinos humanos.

Antigamente, era a Grécia organizando os símbolos democráticos com a sabedoria de Atenas, depois a família romana desempenhando um papel relevante na formação do Estado, com as profundas realizações políticas do Império. Em seguida, bastará uma digressão através de todos os caminhos históricos da humanidade a fim de examinarmos as missões coletivas dentro da comunidade internacional. Ainda há alguns séculos, víamos a Península Ibérica com a tarefa singular dos descobrimentos, a França com o trabalho superior de definir os direitos do homem, a Grã-Bretanha com a missão educativa de colonizar, levantando as almas pela cultura. Sim, cada povo tem a sua hora gloriosa marcada no relógio do tempo.

Dentro do colosso americano, onde há quase cinco séculos formava o Plano espiritual o imenso organismo da liberdade, erguia-se o Brasil como o coração do mundo, pulsando pelo mais sublime idealismo dentro da comunidade continental. Bastará um exame superficial na sua história, a fim de que verifiquemos, em todas as circunstâncias, a excelência da missão do Brasil, no quadro dos valores políticos e econômicos do mundo. Desde o descobrimento, a sua existência vem sendo assinalada por fatos providenciais. É que, aqui dentro, na vastidão da terra generosa, forma-se uma nova mentalidade para o mundo. Mentalidade dos bens fraternos que sabem felicitar o coração de todas as criaturas. À sombra de seus vastos potenciais econômicos, o homem do Brasil dilata as suas concepções da vida, no estuário da liberdade bem compreendida e bem aplicada. Seus fatos históricos revestem-se de característicos quase sobrenaturais. Enquanto o minúsculo Portugal se distraía com as suas fabulosas conquistas da Índia, o Brasil, quase milagrosamente, conservou a sua integridade territorial, apesar das forças poderosas de outras nações do Velho Continente. Os princípios da força jamais conseguiram desagregar os seus patrimônios extraordinários e, em cada acontecimento de sua vida nacional, há um traço de luz fulgurante, a luz do Evangelho, compelindo-nos a refletir no que se refere aos seus deveres profundos. Seus próprios políticos são sempre grandes missionários da ordem social, que, através de todas as tormentas dos eventos humanos, sabem conservar as mãos no leme da tranquilidade coletiva, organizando núcleos de paz e formando a confiança geral, no melhor senso de administração e de ordem, imprescindível a todas as realizações.

Semelhantes conceitos chegam-nos à mente de desencarnado, satisfeito por cooperar, de algum modo, convosco, em virtude das derradeiras arremetidas das organizações dogmáticas e clericalistas, que, na atualidade, pretendem mobilizar os sindicatos médicos contra as florações luminosas do Espiritismo no Brasil, desconhecendo o extraordinário fator de segurança e iluminação interior, provindos de nossos postulados de consolação e de paz.

O Brasil, antes de tudo, antes de qualquer campanha em favor da coletividade, nesse ou naquele setor, necessita de organizar, não as lutas religiosas com pretensões ao Santo Ofício, mas detonar as armas do alfabeto, criando em toda parte a base da cultura indispensável, a fim de que seja cumprida, em toda a sua intensidade emocional, a grandiosa missão das almas que vivem sob a luz do Cruzeiro. Basta o livro, a fim de que o país chegue a realizar a precisa consciência real indispensável ao desdobramento de seus esforços, nos valores do mundo.

Acusa-se o Espiritismo quanto a todas as manifestações místicas das multidões delinquentes, quando essas expressões doentias do organismo social são filhas de modalidades afro-católicas, que perseveram nas massas humildes, sequiosas por compreenderem o sentido de seus trabalhos, na solução dos problemas profundos do destino e do ser.

Espiritismo é paz e instrução, amor e luz moral, conduzindo a criatura humana ao conhecimento dos enigmas de sua própria personalidade. As agremiações econômicas dos credos organizados temem-lhe a influência salutar, no sentido de extirpar todas as úlceras da ignorância do coração dos mais desfavorecidos da sorte. A necessidade do momento que passa não é de lutardes com armas destruidoras de nossos esforços espirituais, mas sim a de evangelizarmos o ambiente do país, em que se desdobram as atividades do profissionalismo especializado, de modo a não perdermos as mais belas conquistas do coração na atualidade da tecnocracia.

Que os aparelhos judiciários da nação operem no assunto, com o descortino espiritual de quem vê mais claro e mais longe. O problema do mundo inteiro não é mais de ciência, mas de consciência; e, para atingirmos esse elevado desiderato, necessitamos colocar, como nas leis naturais, o coração generoso entre o estômago e o cérebro.

A missão do Brasil, repetimos, é das mais vastas na organização dos valores espirituais da civilização do futuro. Para esse fim, os exércitos do Invisível se desdobram, em todas as direções, a fim de se consolidarem os melhores conceitos morais em nossa evolução política, para as realizações mais avançadas.

Em nosso esforço, não guardamos outro propósito além daquele de reviver o Evangelho do divino Mestre, na sua pureza primitiva, porquanto deste coração ciclópico da América e do mundo há de partir para o ambiente internacional um cântico de hosanas! Unamo-nos para o advento desse dia novo. Esqueçamos os conciliábulos políticos que se lembram das conferências de paz sobre os despojos sangrentos. Dentro de sua posição elevada, no capítulo das edificações espirituais, o Brasil prestará ao mundo os mais altos serviços, buscando ensinar com fraternidade, implantando a verdadeira concórdia e defendendo os seus nobres patrimônios morais, guardando, sobre todas as coisas, o princípio inelutável do Direito e da Justiça.

Vós outros, os que me ouvis, sem jamais haverdes frequentado os núcleos do Espiritismo, não vos impressioneis com as minhas assertivas. No Espaço, uma das modernas tradições é a de que, ultimamente, chegam às portas do Céu somente os ateus e materialistas generosos que fazem o bem pelo bem, alheios às convenções e ao sentido das recompensas. Com essa lembrança não desejo menosprezar os esforços da fé, mas quero lembrar a necessidade do trabalho sincero, perseverante, decidido e leal nas mais belas expressões de solidariedade real e de simplicidade na vida!

Se puderdes, ajudai-nos! Unamos os esforços para o mesmo fim, estendendo as mãos uns aos outros para a mesma grandiosa tarefa. O homem vale pela sua expressão de sentimento e de consciência e é dentro desses valores profundos que precisamos viver para a consecução das finalidades mais elevadas e mais puras.

Que o divino Mestre vos conceda muita paz ao íntimo é a rogativa sincera do irmão e amigo de sempre,




Depois da transcrição que vimos de fazer, resta-nos a convicção de que em boa hora a pesquisa de um companheiro tornou possível a localização do pequeno e precioso folheto impresso na Tipografia Aliança, em Belo Horizonte, MG, em 1939, encimado pelo nome do médium Francisco Cândido Xavier e a epígrafe genérica – “Do outro Mundo”! (Revista Reformador da FEB, junho 1979, páginas 208 a 211.)

[Especialmente aquelas voltadas à magia negra, que não respeitam os princípios fundamentais da e do Candomblé ]



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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