Caminhos do Amor, Os
Versão para cópiaRefúgio
Às vezes, dizes, coração amigo: — “Como guardar-me em paz, na agitação do mundo? Tanto fel ao redor!… Tanta gente em perigo!… Tantas tribulações sem que se saiba, a fundo, De que modo evitar a invasão desmedida Das nuvens de aflição que atormentam a vida!…” E contigo outras almas no caminho Padecem sob o impacto violento Das lâminas brutais do sofrimento Que lhes ferem o ser, desolado e sozinho… Aqui, alguém lastima um coração querido Que ficou para trás, exânime e caído Em trágicos enganos; Ali tombam, a golpes desumanos Dos chamados engenhos do progresso, Existências repletas de esperança, Ante as brechas de sombra em que a morte se lança Entre o ouro e o sucesso… Dos recursos plebeus aos valores mais altos, Sobram as provações que chegam, de imprevisto, No clamoroso misto De sequestros e assaltos. Nos lares em geral, sob múltiplos níveis, As desvinculações de pessoas amadas São lesões e feridas desatadas Para as almas sensíveis. Assemelha-se a Terra à nave firme e atenta, Sob rude tormenta. Entretanto, alma boa, Em plena luta que te aperfeiçoa, Podes deter a paz contigo, estrada afora, Prendendo-te ao dever que em tudo nos melhora. Todo trabalho são é lúcido recanto Que se nos faz refúgio aprazível e santo. Um lar para servir, Um filho a proteger, A nobre preleção enviada ao porvir, A página a escrever, Um doente a zelar, O trecho musical que se tem a compor, O campo a cultivar E o serviço do bem que é mensagem de amor… Tudo isso, na terra, é cobertura, Sustentando o equilíbrio da criatura. Se buscas, em verdade, a paz, no dia a dia, Coloca a tua fonte de alegria E todos os impulsos que são teus No trabalho que o mundo te confia Porque o trabalho é sempre uma Bênção de Deus. |
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