Caminhos do Amor, Os

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Capítulo XVII

A caminho do Alto


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Escuta, alma querida,

Quando a prova te alcança

E o sofrimento te golpeia a vida,

Impondo-te cansaço e insegurança;

Quando a aflição te cerca e te subjuga,

Portas a dentro de teu próprio ser,

Sem apelos à fuga

Em que te possas esconder,

Indagas, quase sempre,

De ânimo frustrado

Revelando revolta amarga e triste:

— Se Deus é Amor Eterno e Ilimitado,

Por que razão a dor existe?

Por que ao sonho se seguem, com frequência,

O fel, o desengano, a desventura

Que nos induzem a existência

Ao vasto espinheiral

Em que a nossa esperança se enclausura?


E guardando-te, a sós, sob angústia mortal,

Certas vezes, de anseio em desalinho,

Quererias fugir de teu próprio caminho…


Entretanto, alma boa,

Se algo te feriu, não te agastes, perdoa…

E, sobretudo, raciocina

Que a dor lembra o esmeril da Lei Divina

Que, em nos tocando, nos aperfeiçoa.


Tudo o que te garante o próprio alento

Passou por disciplina e sofrimento.

Sem que a ovelha aceitasse os golpes da tosquia,

Não terias a lã que te guarda o calor;

Sem que o minério padecesse um dia

O fogo abrasador,

Não dispunhas da casa, em fina arquitetura,

Sobre vigas leais de sólida estrutura;

Sem árvores tombando, a rude corte,

Não fruías na própria residência

O ambiente ideal em que se te conforte

A energia precisa às lutas da existência;

A dentes de serrote, a natureza

Formou, em teu auxílio, o refúgio da mesa,

E o trigo que passou pela trituração,

Em qualquer tempo, é a base de teu pão.


Não acuses a dor que te procura

A fim de preparar te a grandeza futura,

Sem ela que nos frena e regenera,

Estaríamos nós, provavelmente;

Na condição da fera

Sob a selvageria permanente.


Por fim, alma querida, considera:

De heróis que já tivemos,

Almas gigantes na sabedoria,

Corações a brilhar, nos ápices supremos

Da beleza imortal que se irradia

Dos tesouros do amor.


De todos os apóstolos da História

Que apontaram a Vida Superior

De que o mundo conserva algum indício,

Aquele que nos deu, constantemente,

O sentido da dor

Por fonte renascente

De ascensão e nobreza, vida e luz,

Com bases sobre o próprio sacrifício,

Esse herói foi Jesus.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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