Caravana do Amor - Caminho e Direção

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Capítulo IX

Márcio Agnaldo Dermínio Campos

D. Mariluci Dermínio Campos, residente na cidade paulista de Franca, ao dirigir-se a Uberaba, Minas, em busca de notícias mediúnicas do filho querido, desencarnado em acidente de moto, oito meses antes, sentia-se revoltada com os fatos que envolveram a tragédia, especialmente contra o motorista considerado culpado.

“Justamente na semana em que fui a Uberaba” escreveu-nos D. Mariluci, em carta datada de 4 de abril de 1985 — estava muito revoltada, e na viagem comentei só com meu esposo e minha amiga, acompanhante, que desejava defesa para meu filho. Antes não havíamos cogitado de procurar advogado para tal fim.”

E a carta do jovem Márcio Agnaldo veio na noite daquele mesmo dia, 1º de junho de 1984, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, trazendo muito conforto e orientação aos familiares, e abordando, especialmente, a questão da culpabilidade do motorista.

“A mensagem — um bálsamo para nós — surpreendeu-nos ao relatar detalhes da vida do motorista que acidentou nosso filho, porquanto nada conhecíamos a respeito. No meu coração só havia revoltas; hoje, só perdão a esse senhor.” — esclareceu-nos ainda D. Mariluci, na carta referida.

Ouçamos as palavras de Márcio Agnaldo, psicografadas por Chico Xavier:



Querida mãezinha Mariluci e querido papai, venho dizer-lhes que estou sempre melhor.

As saudades não faltam. Débora, a companheira que me proporcionou tantas felicidades, e as queridas irmãs Maristela, Mariângela e Marília permanecem dentro de mim.

O acidente já passou, e justamente sobre isso, estabeleço o nosso contato pedindo aos queridos pais não fazerem carga contra o motorista, injustamente apontado na condição de culpado, por haver tomado um trago de bebida que lhe acrescentasse disposição de trabalhar.

Pais queridos, muitas vezes fitamos um homem de serviço, sem lhe considerar a retaguarda. Acontece algum erro, um companheiro desses está envolvido e ainda não vi ninguém perguntando pelas horas contínuas a que terá servido na máquina sem substituição; de outras vezes, a imaginação se lhe toldou por momentos, em recordando um filhinho gravemente enfermo ou a esposa hospitalizada em vasta enfermaria com a necessidade de horários marcados para que esse mesmo homem lhe veja o rosto.

Papai e mãezinha Mariluci, e se fosse eu a pessoa no lugar desses amigos aos quais me reporto?

E se eu não tivesse o papai Paulo e a mãezinha Mariluci, e fosse entregue, em criança, à ventania da noite, com fome e frio, por falta de um lar?

E se crescesse de face trancada para o mundo e para a vida, aceitando, por necessidade de obter o pão de cada dia, o lugar de um ajudante desvalioso na boleia de um caminhão?

Creio que a minha mãe, decerto, na 5ida Espiritual, agradeceria às pessoas que me estendessem auxílio. Pois é nesse quadro que me baseio para solicitar-lhes uma atitude de reserva e compaixão para com o motorista que me arredou do corpo físico, buscando não lhe piorar as condições perante a opinião pública.

Agradeço as preces de Anair em meu benefício e quero dizer à Débora que posso muito pouco ou nada posso ainda; entretanto, pedirei a Deus que ela seja feliz.

Nem sempre realizamos as nossas projetadas uniões no mundo, mas, que força haverá maior que a do amor que liga os corações que se amam, no bronze do para sempre? Débora é uma nobre menina que Deus protegerá.

Às queridas irmãs, o meu abraço e, por favor, queiram os meus queridos pais receber o coração mutilado pela saudade e animado pelas melhores esperanças, do filho que tudo lhes deve no que já consegue realizar e em tudo aquilo que poderá ser no futuro.

Muito carinho e reconhecimento do filho que lhes pertence perante Deus,


Márcio Agnaldo Dermínio Campos

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — papai — Sr. Paulo Campos de Souza, que reside com sua família à Rua Simpliciano Pombo, 497, em Franca, SP.

2 — Débora — Namorada.

3 — Maristela, Mariângela e Marília — Irmãs.

4 — o motorista — “Trata-se de um senhor de 54 anos de idade, que sempre trabalhou em fazendas, como fiscal. Tem problemas com os filhos e com a esposa, sempre internada em hospital psiquiátrico.” (Informação de D. Mariluci.)

5 — Márcio Agnaldo Dermínio Campos — Nascido em 9/4/1965, desencarnou em Franca, SP, a 6/10/1983, quando cursava o 1º Colegial. Embora jovem e de família católica, interessava-se por questões do outro lado da vida, buscando sempre e espontaneamente esclarecimentos junto ao Sr. Antônio Bonafin, amigo da família e antigo presidente do Centro Espírita “Francisco Borassi”. Ultimamente, lia livros espíritas, que devem tê-lo ajudado em sua feliz adaptação no Mundo Maior.


Hércio Arantes


Márcio Agnaldo Dermínio Campos n
Francisco Cândido Xavier


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