Cartas do Alto

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Capítulo XX

Calvário acima


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O calvário das provas terrenas é o preço de nossa ressurreição.

Agradeçamos a poeira da senda que atravessamos sob o peso da cruz, bendizendo as chagas que purificam o coração.

A dor revela júbilos sublimes como a noite descerra as maravilhas celestiais.
Tenhamos coragem, ainda e sempre.

Enquanto escalamos o monte da redenção, o suor e o pranto da fadiga nos expurgam a face, muita vez, enevoando-nos a visão, contudo atingiremos o Alto e, de joelhos, abençoaremos os espinhos que nos dilaceraram e as pedras que nos feriram.

Decerto, no jardim humano, o perfume das flores passageiras nos entontece, mas no escabroso caminho da ascensão espiritual nossas flores mais belas são as que desabrocham da compreensão e do amor que nunca morrem.

Busquemos a alegria recôndita das almas que, gradativamente, se libertam dos compromissos com a sombra e acariciam as promessas da luz, e desfrutaremos a divina serenidade daqueles que selam na renúncia e no sofrimento a certeza da própria renovação.

Continuemos lembrando o eterno Benfeitor que passou na Terra como sendo o “Amor Não Amado”… Nem por isso deixou Jesus de estender as bênçãos do serviço a todos no erguimento do bem. Levantando os tristes e curando os doentes, ajudando e amparando sem descansar, não dispunha de uma pedra onde repousar a dolorida cabeça.

Seja o Cristo nosso exemplo constante! Recordemo-lo, em todas as nossas horas, para que o tempo não seja para nós um empréstimo frustrado e procuremo-lo, cada dia, a fim de que saibamos desculpar infinitamente e servir sem esmorecer.

Nossas dificuldades são nossos guias, e os aguilhões do mundo, criando em nós desencanto e ansiedade, são as bênçãos de luz que nos incentivam à procura do Céu.




Reformador — Janeiro de 1958.


Trecho reproduzido no livro Dicionário da Alma, [coletânea de excertos de diversos autores, organizada por Carlos Augusto Abranches, extraídos das obras] psicografadas por Chico Xavier, por Espíritos diversos (FEB, 1964).


Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião da noite de 07/03/1956, em Pedro Leopoldo. Minas Gerais. Não há referência de local.




Agar
Francisco Cândido Xavier


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