Cartas do Alto

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Capítulo XXVII

Mediunidade e discernimento

“Desenvolver a mediunidade” será conceito adequado para significar a expansão das faculdades psíquicas? Isso; conquanto saibamos seja imprescindível o aprimoramento das qualidades individuais para que os dotes medianímicos não sejam malbaratados.

Será possível, no entanto, desenvolver a mediunidade como quem desdobra uma peça de pano?

Não desconhecemos que todas as formações da vida se subordinam a leis de ritmo e crescimento. Por que o ovo seja levado à chocadeira isso não quer dizer que se deva elevar o ambiente térmico a cem graus na suposição de que, assim, a ave nascitura apareça formada de um dia para outro. Há que dosar o calor, porquanto a máquina coopera no serviço da galinha, mas não substitui a natureza.

Ocorrem análogas circunstâncias nas realizações de ordem moral. Um rapaz terá pronunciada vocação para a engenharia, mas isso só por si não lhe confere autoridade para assumir a direção de uma empresa chamada a garantir o interesse público. É indispensável que ele se submeta às disciplinas do estudo até que senhoreie fielmente a aplicação dos princípios matemáticos e científicos à técnica das construções, a fim de que os recursos da engenharia se manifestem através dele.

Assim também na mediunidade. Amemo-la e cultivemo-la com entusiasmo, entesourando discernimento, sem a preocupação de frutos extemporâneos que apenas serviriam para lançar a árvore da boa intenção à estranheza ou à zombaria do próximo, quando o próximo não se mostre habilitado a compreender o intercâmbio espiritual, sempre grave e complexo.

Desenvolvamos a mediunidade, mas estudemos, e estudemos para honorificá-la nas boas obras.

Estimular poderes psíquicos sem educá-los, começando pela educação do instrumento que os expressa, seria o mesmo que espalhar milhões de letras do alfabeto no piso de uma casa, exigindo que elas se ajustem por si próprias, compondo avisos e ensinamentos no chão.




Reformador — Janeiro de 1965.


Trecho reproduzido no livro Mediunidade na prática, de João Sérgio Sell, FEDERAÇÃO ESPÍRITA CATARINENSE - FEC, (sem data). Disponível em: . Acesso em: 2 abril 2017.


Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 26/06/1964, em Uberaba, Minas Gerais.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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