Cartas do Alto

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Capítulo LI

Nossos irmãos materialistas


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Eles, os nossos irmãos materialistas, sentem-se temporariamente desligados da fé. Não por que o desejem. Quase sempre observam-se empurrados para o frio da negação por acontecimentos aflitivos para cuja travessia não se prepararam devidamente. Foram condicionados, desde a juventude, por equívocos referentes à ilusória superioridade pessoal e enquanto se lhes garante o ápice das energias físicas não toleram as realidades do Espírito.

Acham-se desafiados por enigmas da inteligência que aguardam a maturidade espiritual do mundo a fim de serem resolvidos sem os perigos da hegemonia e da guerra, e por não conseguirem soluções prematuras se fazem pessoas ressentidas contra os poderes da Criação, que devem prevalecer sobre os nossos desejos.

Asseveravam-se crentes na Sabedoria Divina, mas pretendiam comandar os desígnios da vida, caindo em ateísmo ao se reconhecerem desatendidos nas petições inadequadas que endereçavam ao Céu, nos momentos de crise, recusando o sofrimento e ignorando-lhe a função de bênção das leis do Universo, funcionando neles mesmos.

Atenderam às sugestões inferiores inerentes à nossa própria natureza e depois de se acomodarem com situações indébitas que lhes impuseram desconforto à consciência declaram-se afastados da Paternidade Divina e afirmam que Deus não existe, já que não os preservou contra os amargosos resultados da culpa que deveriam ter evitado por si próprios.

Confessavam-se criaturas de fé, no entanto admitiam a transferência das responsabilidades que lhes dizem respeito para os orientadores humanos a que se afeiçoavam, qual se pudéssemos responder uns pelos outros diante dos princípios que nos regem a existência, e porque os orientadores humanos padecem as limitações características de nós todos — os Espíritos em evolução no planeta —, resvalaram no vazio deles próprios, quando esses mesmos instrutores lhes faltaram à vida.

São almas sensíveis e afetuosas que as aflições pela perda dos entes queridos, seja na desencarnação ou em graves provas do estágio terrestre, fizeram desvairar através de indefiníveis angústias, marginalizando-se, transitoriamente, em rebeldia e sofrimento.

Nossos irmãos materialistas…
Não os censures, nem lastimes, quando os encontres nos espinheiros da negação. A descrença em Deus é desajuste da alma tanto quanto a moléstia é desequilíbrio do corpo. E não te lembrarias de acusar um doente porque seja portador de enfermidade. Ao invés disso, obedecerias ao impositivo da solidariedade, oferecendo-lhe compreensão e socorro. Assim também nós, quando estamos nas trevas, não esperamos que se nos dirija essa ou aquela frase condenatória. Suplicamos, simplesmente, para que algum braço amigo nos acenda uma luz.




Reformador — Março de 1974


Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 05/10/1973, em Uberaba, Minas Gerais.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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