Na Seara do Mestre

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CAPÍTULO 32

Perdão

(reflexões)

Deus tem o seu modo de perdoar, cuja sabedoria escapa à apreciação de muita gente.

Ele perdoa concedendo ao devedor ou culpado prazo ilimitado, e facultando-lhe meios e possibilidades de resgatar o débito.

Ora, que mais pode desejar um devedor honesto e probo?

Seria, acaso, preferível que Deus dispensasse os devedores do pagamento de suas dívidas?

Certamente que não, por dois motivos ponderáveis.

Primeiro, porque é muito mais digno e nobre para o devedor pagar o seu débito do que eximir-se desse dever por complacência, misericórdia ou compaixão do credor.

Quem salda seus compromissos, ainda que com dificuldades e sacrifícios, sente-se bem com a consciência e percebe em si mesmo um certo valor até então desconhecido.

Outra razão não menos digna de nota é a seguinte: na luta empregada para reparar a culpa cometida, o Espírito desenvolve seus poderes de maneira que, no fim da refrega, se sente com suas faculdades aumentadas, e, não raro, desdobradas em novas capacidades. Os conhecimentos adquiridos por meio das experiências enriquecem seu patrimônio intelectual e lhe santificam o coração onde novéis e excelentes sentimentos desabrocham.

A verdade realmente apreendida é aquela que sentimos.

E só podemos sentir a verdade mediante as experiências.

Pelo amor e pela dor, isto é, recebendo o ósculo santo da graça divina — que é a expressão do amor — e suportando as consequências amargas e doridas das nossas culpas, erros e leviandades, é que lograremos subir a escada de Jacó que, deste mundo, nos transportará aos tabernáculos eternos.

Não nos iludamos com falaciosas promessas, pois que a cada um será dado segundo as suas obras.

Quando Jesus disse ao paralítico: "Tem bom ânimo, os teus pecados estão perdoados" — referiu-se ao termo de sua expiação. Os fariseus, ignorando, como muitos ainda ignoram, a relação que existe entre a enfermidade, ou a dor sob qualquer modalidade, e o pecado, insurgiram-se contra a frase de Jesus, alegando: Quem pode perdoar pecados senão Deus?

O Mestre, para provar-lhes que não havia proferido palavras vãs, acrescentou: "Qual é mais fácil dizer: teus pecados estão perdoados, ou dizer: levanta-te e anda?" Voltando-se em seguida para o paralítico, ordenou: "Levanta-te e anda". E o paralítico obedeceu.

Pecados perdoados, portanto, significa — culpas expiadas, dívida paga, passado ressarcido.

Deus perdoa sempre, porém, como já ficou dito acima, sua maneira de perdoar consiste em conceder prazo largo, e, ao mesmo tempo, proporcionar ao devedor todas as possibilidades e meios de pagamento.

É tudo quanto pode ambicionar o devedor honesto e probo.

Tal é a verdade.




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