Cartilha da Natureza

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Prefácio de Emmanuel


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“E ele repartiu por eles a fazenda.” — JESUS (Lc 15:12)


A Natureza é a fazenda vasta que o Pai entregou a todas as criaturas. Cada pormenor do valioso patrimônio apresenta significação particular. A árvore, o caminho, a nuvem, o pó, o rio, revelam mensagens silenciosas e especiais.

É preciso, contudo, que o homem aprenda a recolher-se para escutar as grandes vozes que lhe falam ao coração.

A Natureza é sempre o celeiro abençoado de lições maternais. Em seus círculos de serviço, coisa alguma permanece sem propósito, sem finalidade justa.

Eis a razão pela qual o trabalho de se evidencia com singular importância. O coração vibrátil e a sensibilidade apurada conchegaram-se a Jesus, para trazer aos ouvidos dos companheiros encarnados algumas notas da universal sinfonia.

Esta cartilha amorosa relaciona, em rimas singelas, alguns cânticos da fazenda divina que o Pai nos confiou. Envolvendo expressões na luz infinita do Mestre, Casimiro dá notícias das coisas simples, cheias de ensino transcendental. No relatório musicado de sua alma sensível, o milharal, o pântano, a árvore, o ribeiro, o malhadouro, dizem alguma coisa de sua maravilhosa destinação, revelando sugestões de beleza sublime. É o ensino espontâneo dos elementos, o alvitre das paisagens que o hábito vulgarizou, mas se conservam repletas de lições sempre novas.

O trabalho valioso do poeta cristão dispensa comentários e considerações.

Entregando-o, pois, ao leitor amigo, não temos outro objetivo senão lembrar a fazenda preciosa que se encontra em nossas mãos.

A Natureza é o livro de páginas vivas e eternas. Em abrindo a cartilha afetuosa de Casimiro, recordemos Aquele que veio à Terra, começando pela manjedoura; que recebeu pastores e animais como visita primeira; que foi anunciado por uma estrela brilhante; que ensinou sobre as águas, orou sobre os montes, escreveu na terra, transformou a água simples em vinho do júbilo familiar; que aceitou a cooperação de um burrico para receber homenagens do mundo; que meditou num horto, agonizou numa colina pedregosa, partiu em busca do Pai através dos braços de um lenho ríspido e ressuscitou num jardim.

Relembremos semelhantes ensinos e recebamos a fazenda do Senhor, não como o filho pródigo que lhe desbaratou os bens, (Lc 15:11) mas como filhos previdentes que procuram aprender sempre, enriquecendo-se de tesouros imortais.



Pedro Leopoldo, 20 de Maio de 1943.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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Lucas 15:12

E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

lc 15:12
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Lucas 15:11

E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

lc 15:11
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