Cartilha da Natureza

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Capítulo XXX

O barbicacho

Por vezes, na atividade

Das viagens, do transporte,

O animal em disparada

Promete desastre e morte.


Por mais que sustenha a rédea

E colabore o cocheiro,

Em tudo, paira a ameaça

De rumo ao despenhadeiro.


Trabalhos imprescindíveis

Sofreriam dilação,

Se o condutor não agisse

Com firmeza e precisão.


Antecipando o terror

Da descida, abismo abaixo,

O montador ou o cocheiro

Recorrem ao barbicacho.


Reage o animal teimoso,

Rebela-se e pinoteia,

Mas tudo cessa de pronto,

Na apertura da correia.


Se busca saltar de novo

Sob fúria mais violenta,

Eis que lhe vaza da boca

Espuma sanguinolenta.


De queixo posto no entrave,

Qualquer coice dado a esmo,

Se pode ofender aos outros,

Dói muito mais nele mesmo.


Em pouco tempo o rebelde,

Agora sem mais descanso,

Trabalha tranquilamente

Humilde, bondoso e manso.


Assim, também muita gente

Em falsa compreensão,

Ao invés de trabalhar,

Faz queixa e reclamação.


Contudo, à beira do abismo,

Antes da queda ao mais baixo,

Recebem os linguarudos

A bênção de um barbicacho.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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