Cartilha da Natureza

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Capítulo XXXV

A lenha

Essa lenha pobre e seca,

Que se entrega com bondade,

É sugestão do caminho

E exemplifica a humildade.


Já pensaste em seu passado?

Um lenho seco… que era?

Talvez o galho mais lindo

Dos dias da primavera.


Quem sabe? talvez um tronco,

Terno abrigo nos caminhos,

Um palácio nobre e verde

De flores e passarinhos.


No entanto, em missão de auxílio,

Com santa resignação,

Não se nega a cooperar

Nas máquinas a carvão.


Em noite chuvosa e fria,

Ela é a doce companheira

Que aquece as recordações,

Crepitando na lareira.


Ao seu calor, os mais velhos

Acham prazer na lembrança;

Os mais moços a alegria

De comentar a esperança.


Morrendo animosamente,

Em chamas de luz e graça,

Ela sabe que é de Deus,

Por isso trabalha e passa.


Se viveu rindo e cantando,

Entre seivas e prazeres,

Com os mesmos encantamentos,

Cumpre os últimos deveres.


Ah! quão poucos na jornada

Convertem reminiscências

Em calor, vida e perfume

De novas experiências!…


Mas chega o dia em que o homem,

Sem combater, sem negar-se,

Precisa, como essa lenha,

Da coragem de apagar-se.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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