Cartilha da Natureza

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Capítulo XLVI

O andaime

Quando o esforço principia

Em toda edificação,

Não se pode prescindir

Da alheia cooperação.


Precisa-se apoio forte,

De base através da qual

Se distribua ao serviço

Concurso e material.


Vem o andaime prestimoso,

É o seguro companheiro,

Que atende às obrigações,

Noite toda, dia inteiro.


De pé, vivendo o dever,

Serve a todos com bondade,

É um exemplo de serviço

E um símbolo de humildade.


Muita vez, pisado a esmo,

Escuro, banhado em lama,

Permanece em seu lugar,

Não se irrita, não reclama.


Findo o esforço rude e longo,

Ao rebrilhar do edifício,

Pouca gente lhe recorda

O trabalho e o benefício.


O quadro é singelo e pobre,

Mas rara é a lição assim

O benfeitor olvidado,

Que é fiel até ao fim.


Além disso, o ensinamento,

Em suas exposições,

Apresenta aos aprendizes

Duas belas sugestões.


Diz a primeira que um dia

Deveremos esperar,

Agir sem qualquer andaime

Na vida particular…


Indaga-nos a segunda,

Se já fomos, para alguém,

O andaime silencioso

Que ajuda a fazer o bem.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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