Cartilha da Natureza
Versão para cópiaO poço
Quem segue ao sol calcinante, Com sede desesperada, Rende graças ao Senhor Achando um poço na estrada.. O quadro agreste, por vezes, Não tem abrigo nem fonte, Raras árvores se alinham, Perdendo-se no horizonte. Em meio à desolação, Entre o calor e a secura, A cisterna dadivosa, Guarda a bênção da água pura. Há poços de toda idade, Bem calçados, mal assentes, Mais rasos e mais profundos, Em dimensões diferentes. No seu íntimo, entretanto, Trazem todos a água amiga Que socorre aos que sucumbem De desânimo e fadiga. Quem tem sede se aproxima Com cuidado e gratidão, E dispensa ao poço humilde Sempre a máxima atenção. Lançando o copo ansioso Sem notar os sacrifícios, Evita a poeira ou o lodo Que anulem os benefícios. E sorve esse orvalho santo Que vem da terra imperfeita, Com o júbilo generoso De uma oração satisfeita. No mundo, o mesmo acontece: Nas agruras do caminho, Cada qual pode apelar Às posses do seu vizinho. Mas, se agita a lama em torno, Como quem fere e escabuja, O poço, apesar de bom, Só pode dar-lhe água suja. |
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