Cartilha da Natureza

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Capítulo XLVIII

O poço

Quem segue ao sol calcinante,

Com sede desesperada,

Rende graças ao Senhor

Achando um poço na estrada..


O quadro agreste, por vezes,

Não tem abrigo nem fonte,

Raras árvores se alinham,

Perdendo-se no horizonte.


Em meio à desolação,

Entre o calor e a secura,

A cisterna dadivosa,

Guarda a bênção da água pura.


Há poços de toda idade,

Bem calçados, mal assentes,

Mais rasos e mais profundos,

Em dimensões diferentes.


No seu íntimo, entretanto,

Trazem todos a água amiga

Que socorre aos que sucumbem

De desânimo e fadiga.


Quem tem sede se aproxima

Com cuidado e gratidão,

E dispensa ao poço humilde

Sempre a máxima atenção.


Lançando o copo ansioso

Sem notar os sacrifícios,

Evita a poeira ou o lodo

Que anulem os benefícios.


E sorve esse orvalho santo

Que vem da terra imperfeita,

Com o júbilo generoso

De uma oração satisfeita.


No mundo, o mesmo acontece:

Nas agruras do caminho,

Cada qual pode apelar

Às posses do seu vizinho.


Mas, se agita a lama em torno,

Como quem fere e escabuja,

O poço, apesar de bom,

Só pode dar-lhe água suja.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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