Cartilha da Natureza

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Capítulo XLIX

A cerca

Contempla a cerca da estrada

Que te serve sem jatância.

A sua atitude humilde

É um ato de vigilância.


Seja feita de cimento

Ou de estacadas singelas,

Ela esclarece que a vida

Precisa de sentinelas.


Sua lição excelente

Não cessa de proclamar:

Cada terreno a seu dono,

Cada coisa em seu lugar.


É cuidadosa, é sincera,

Dá combate à confusão,

Fornece norma aos serviços,

Faz contas de divisão.


E, desse modo, trabalha,

Tecendo a paz do teu ninho.

É a cerca que te garante

Tanto o lar, como o caminho.


Repara que a tua vida

É um mundo de ocupações:

Ai de ti se desordenas

As tuas obrigações.


Através da luta enorme

Das dores e do destino,

Tua alma tem de passar

Em busca do bem divino.


Certamente encontrarás

Calúnias e tentações,

Brutalidades, malícias,

Serpentes, feras, ladrões.


Recorda a lição da cerca:

A cada coisa o seu custo.

E abre a porteira amiga,

A tudo que seja justo.


Sem isso, não é possível

O bem de qualquer missão.

Sem clareza na tarefa,

Tudo é sombra e confusão.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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