Cartilha da Natureza

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Capítulo LII

A cachoeira

Quando passes meditando

No cimo da ribanceira,

Repara na majestade

Que esplende na cachoeira.


É bom pensar na grandeza

Que a sua potência encerra;

Na entrosagem de elementos

Das forças de toda a Terra.


No lugar mais solitário,

É cântico de alegria,

Derramando em derredor

A abundância de energia.


Para dar-se em benefícios,

A sua maior ciência

Não quer admiração,

Pede esforço e inteligência.


Mesmo longe das cidades,

Depois de compreendida,

A cachoeira renova

A expressão dos bens da vida.


Retamente aproveitada,

É fonte de evolução,

Movendo milhões de braços

Nas lutas do ganha-pão.


É mãe generosa e augusta

Das fábricas de trabalho,

Que distribui, no caminho,

A luz, o pão, o agasalho.


E aprendemos na lição,

Quando a vemos, face a face,

Que a água buscou um abismo

Por onde se despenhasse.


Nesse símbolo profundo,

De grandeza e dinamismo,

Vemos nós o amor de Deus

E a extensão do nosso abismo.


Nós somos o sorvedouro

De misérias e discórdia;

Deus é a eterna cachoeira

De luz e misericórdia.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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