Cartilha da Natureza

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Capítulo LV

O cupim

Causa pena olhar o campo

Quando, pobre de verdura,

Sofre a terra a intromissão

Do cupim que a desfigura.


Debalde a vegetação

Se estende em ramaria,

O solo não apresenta

A mesma fisionomia.


O cupim obstinado

Multiplica-se em rebentos,

Parece que o chão se cobre

De tumores pustulentos.


Em vão, a chuva convida

Às forças de produção,

Debalde o Sol traz a luz

De paz e renovação.


Não faltam bênçãos do Céu

Que atendam aos dons da vida,

Mas a terra permanece

Desolada e ressequida.


O cupim vai provocando

Estrago, calamidade;

E o campo mostra ruínas,

Miséria, esterilidade.


Às vezes são necessários

Muito esforço, muitas dores,

Por expulsar a família

Dos insetos invasores.


Sem trabalhos decididos

Por parte da agricultura,

O cupim transforma a terra

Numa extensa sepultura.


Lembramos, vendo esse quadro

Da esfera dos lavradores,

As almas avassaladas

De ideias inferiores.


Sê forte em qualquer trabalho,

Cada luta é uma lição.

Tristezas e desalentos

São cupins no coração.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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