Cartilha da Natureza
Versão para cópiaO pântano
É um quadro sempre inquietante Que inspira pena e cuidado, Quando vemos no caminho O pântano abandonado. Enquanto, em redor de si, Há cantos que a vida entoa, Ele espera ansiosamente O esforço que aperfeiçoa. Todo o ar é pestilento Em sua fisionomia, Nos seus bancos lamacentos, Ninguém descansa ou confia. Muito poucos se aproximam Do barro de sua imagem; É ferida cancerosa No organismo da paisagem. Mas, um dia, o lavrador Dá-lhe atenção, dá-lhe drenos, E o pântano desolado É o melhor dos seus terrenos. Onde havia lodo e lama, Águas sujas e amargosas, Os legumes são mais ricos, As flores mais perfumosas. Essas terras desprezadas, Tão pobres e desiguais, Ensinam, em toda parte, Que Deus é o melhor dos pais. Entre as quedas dolorosas, Nos erros e nos desvios, Nós somos, na, Criação, Pontos tristes e sombrios. Nossa ideia de virtude, A mais bela em sentimento, É a que nasce nos monturos Da lama do sofrimento. Deus, porém, que é o Pai Amigo, Jamais nos deixou a sós. Jesus é o bom lavrador, E o pântano somos nós. |
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