Cartilha da Natureza
Versão para cópiaA enchente
O quadro é lindo e imponente Na calma da Natureza, A massa d’água é mais bela, Mais suave a correnteza. O rio enorme extravasa, Conquistando as cercanias, Encaminha-se às baixadas, Desce às furnas mais sombrias. A torrente dilatada Estende a dominação, Refresca e fecunda o solo Nas zonas de plantação. Mas, em haurir-lhe a grandeza, Os bens, a virtude, a essência, Precisa-se em toda parte Muita luta e previdência. Aterros, diques, cuidados, Trabalhos e sacrifícios, Todo esforço é necessário Por colher-lhe os benefícios. Sem isso, reduz-se a enchente Às grandes devastações, Ameaças, lodo e vermes, Mosquitos, flagelações. A abundância generosa Foi vista e considerada; Entretanto, a imprevidência Guarda a lama envenenada. Reconhecendo a beleza Deste símbolo profundo, Podemos ver no seu quadro Muita gente deste mundo. O poder, a autoridade, A fortuna, a inteligência, São enchentes dadivosas Da Divina Providência. Mas, se o homem não vigia, É várzea que inspira dó. A abundância não lhe deixa Mais que lodo, lixo e pó. |
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