Cartilha da Natureza

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Capítulo LXXIX

O remédio


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O doente neste mundo,

Que deseje melhorar,

Jamais encontra remédio

Saboroso ao paladar.


Por ministrar reconforto,

Fazendo caminho à cura,

O melhor medicamento

Tem ressaibos de amargura.


Todo enfermo esclarecido,

De senso nobre e louvável,

Já sabe que seu remédio

Tem gosto desagradável.


Se a moléstia é renitente,

Mais áspera e mais revel,

A justa medicação

Amarga, sabendo a fel.


Por vezes, a beberagem

Não basta à restauração,

É preciso o bisturi

Na zona de intervenção.


Contra o campo infeccioso,

Providência compulsória,

Angústias do pensamento

Sobre a mesa operatória.


Há remédios variados:

Purgante, choque, sangria,

Compressas e pedilúvios,

Recursos de cirurgia.


Sempre o fel do sofrimento

Amigo, reparador,

Tortura que retifica

A dor que remove a dor.


Se é tão grande o sacrifício

No campo da cura externa,

Pondera sobre o equilíbrio

Necessário à vida eterna.


Nos dias de grandes dores,

Vive a fé, guarda-te em calma.

Grandes males no teu corpo

São remédios na tua alma.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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