Chico Xavier e suas Mensagens no Anuário Espírita

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Capítulo LVIII

Caravana

Qual se te visses em meio de grande multidão, da qual participas, observas os que passam, renteando contigo na caminhada.


Natural que te enterneças, ante os que se apresentam infortunados e enfermos.

Os tristes e os fracos, os cansados e os esquecidos te arrancam melodias de ternura às cordas do coração.

Entretanto, não silencies essa música da alma à frente daqueles outros que te pareçam felizes.


Não raro, indagas a ti mesmo porque passam tantos deles, como se não enxergassem o sofrimento dos semelhantes, qual se andassem sob a hipnose do luxo e do prazer.

Não te precipites, porém, no espinheiral da censura. Abençoa e serve a todos, tanto quanto puderes.


Bastas vezes, o homem que se te adianta em caminho, na posição de comandante da fortuna, traz um cérebro esfogueado por aflições que não conseguirias suportar; outro, que se te afigura perdulário, quase sempre é doente buscando a fuga de si próprio; outro ainda que avança, recolhendo condecorações e medalhas pelos recursos que conseguiu entesourar, frequentemente, é um mendigo de amor, relegado à solidão; a mulher que enxergaste ricamente trajada costuma ocultar no peito enorme vaso de lágrimas que não conseguem cair; e aquela outra que se te revela por expoente de beleza e poder, muitas vezes, transporta uma cruz de fel por dentro do coração.


Não critiques e nem apedrejes criatura alguma. Na Terra e fora da Terra, integramos a imensa caravana que se desloca incessantemente para diante.


Não reproves ninguém. Todos somos viajores nas estradas da vida, necessitando do auxílio uns dos outros e todos estamos seguindo com sede de compreensão e fome de Deus.




(Anuário Espírita 1999)



Meimei
Francisco Cândido Xavier


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