Chico Xavier e suas Mensagens no Anuário Espírita

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Capítulo LXIV

Serviço e migalha

(O Evangelho )


Encontrarás nas trilhas da beneficência quem se refira às grandes obras, gigantescas e impecáveis, desprezando a migalha que possas estender em benefício dos semelhantes.

Indubitavelmente, chegaremos um dia, na Terra, à consolidação de instituições benemerentes, ciclópicas e perfeitas, nas quais a ciência e a fé, o progresso e a ternura humana se unam em sintonia para materializarem os preceitos de Jesus, apagando do dicionário terrestre certas palavras-pesadelo, como sejam “penúria”, “guerra”, “violência” e “opressão”.

Entretanto, não consideres ninharia o diminuto auxílio que alguém consiga providenciar, a favor de alguém.

Qual acontece nos planos da natureza, onde a semente é o traço de ligação entre a plantação e a colheita, nas esferas do Espírito a migalha é o agente intermediário entre o sonho e a realização.

Onde o sábio que houvesse iniciado o caminho da cultura, sem as letras do alfabeto, ou o gênio musical que atingisse a culminância artística, sem se haver disposto a começar a própria cultura pelas sete notas?

O prato de alimento que ofereces será talvez o recurso providencial que impedirá a queda desse ou daquele companheiro, na curva descendente para a enfermidade irreversível, e a alegria que proporcionas a uma criança pode criar nela a inspiração do bem para a vida inteira.

Por outro lado, há doentes que, embora garantidos no campo econômico pela base de milhões, apenas se aliviam com o apoio de um comprimido salvador, e criaturas outras que, apesar de guardarem posses imensas, a fim de serem realmente felizes tão somente esperam algumas poucas palavras de afeto e entendimento daqueles a quem mais amam.

Não desprezes o pouco que se possa fazer pela felicidade dos semelhantes, recordando que mais vale um pão nas horas de necessidade e carência que um banquete nos dias de saciedade e vitória.

Se não podes entender o maravilhoso serviço que se atribui à migalha, medita nas lições incessantes da vida. E compreenderás, por fim, que a estrela mais fascinante do firmamento, conquanto se revele como sendo um espetáculo do Divino poder, nas trevas da noite não consegue penetrar a choupana isolada onde um coração de mãe suplica pela presença de Deus e aí desempenhar a bendita missão de uma vela.




(Anuário Espírita 1972)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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