Chico Xavier Inédito

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Capítulo XX

Poesia e saudades entre dois mundos


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Em 1972, este autor conheceu e começou a frequentar o lar de Chico Xavier em Uberaba/MG junto com o grupo de D. Yolanda César, uma mãe que iniciou suas visitas ao médium após perder seu filho Augusto César precocemente. As viagens tornaram-se mensais e, por mais de dez anos, tivemos aquele convívio gostoso e cheio de aprendizado com o médium mineiro. Na maioria das vezes, em meu automóvel tinha por companheiros de estrada pais que perderam filhos e que desejavam ardentemente se encontrar com o Chico, buscando haurir consolo para seus corações machucados. Em outras ocasiões, misturavam-se pais e dirigentes espíritas de São Paulo como Jô, Bissoli, Erminda Gnocchi, Mercedes, Sponda Iracy Karpáti e outros. Foram dias memoráveis aqueles! Viagens que se iniciavam com as lágrimas furtivas ou abundantes desses pais e que terminavam no fim da Via Anhanguera cheias de sorrisos, comentários alegres, esperanças e perspectivas de uma vida nova. Pais que perdem filhos nunca deixam de sentir saudades e de ter seus dias chorosos de recaída, porém, o consolo e a esperança que a Doutrina Espírita lhes reserva, transformam suas vidas e lhes devolve a alegria de viver e a certeza de que não perderam seus filhos, senão, apenas se separaram temporariamente e um dia será o de reencontro.

Mas não é de pais que perderam filhos que gostaríamos de lembrar no momento, mas de filhos que perderam pais, num gostoso e gratificante caso que vivenciamos com um casal de passageiros de nosso carro, dirigentes de uma Casa Espírita em Santos/SP. Como perdemos o contato com eles e, por tratar-se de um caso familiar, omitiremos seus nomes, mas não os fatos.

Durante o trajeto de ida no dia 27 de setembro de 1976, nossa amiga, que chamaremos ficticiamente de Neusa, dizia estar sentindo a presença da mãe desencarnada e uma forte vontade de lhe dedicar uma poesia. Então, ali no veículo mesmo, fez uma pequena e amorosa quadra para a mãezinha:


Hoje te busco constante,

Meus olhos vagando ao léu,

Procuro-te ao longe, distante,

Brilhando entre os Astros no Céu.


Em Uberaba, nas famosas consultas individuais que Chico psicografava durante os trabalhos espirituais, Neusa colocou o nome da mãe e a quadrinha que houvera feito na viagem e recebeu uma linda resposta também em versos:


Para as mães na luz sem véu,

Quanta festa brilha em vão?

Teu coração é o meu Céu,

Filha do meu coração!

Maria

Mas a festa de luz e poesia haveria de continuar. Durante a psicografia dedicada às comunicações dos mentores na reunião, Maria voltou para dizer à filha querida:

Uberaba! Quanto anseio!

Quanta saudade pungente!

Esperanças de permeio,

No meio de tanta gente!


Corações angustiados,

Lembram apelos mudos,

Frementes, esperançados,

Por notícias de outros mundos.


Porém, os desencarnados,

Com a palavra que aprimora,

Vêm mostrar aos seus amados

O limiar de uma nova aurora.


Saudade sem gotas rolando,

São mananciais de luz

Em esperanças mostrando

Que o caminho é Jesus!

Maria

Emocionada ao ler com mais atenção, no hotel, o diálogo que se estabelecera entre mãe e filha nos dois mundos por meio da poesia, Neusa retrucou:


Se a dor te tortura a alma,

Agradece, mãe querida,

A chuva é bênção que acalma

Toda terra ressequida.


Chico Xavier, que não estava sabendo desse diálogo entre as poetisas, apenas psicografara as mensagens da mãe desencarnada, convidou-nos, como sempre o fazia, para uma reunião reservada em sua casa, no sábado pela manhã, quando psicografava habitualmente mensagens de parentes desencarnados. Qual não foi nossa surpresa, quando D. Maria, certamente atenta na Outra Dimensão da Vida às respostas em poesia da filha, mais uma vez lhe dirige ternas palavras em versos:

Perfumes pairam no ar,

Suave é o primor da fonte,

É Jesus a nos lembrar

Que a caridade é a ponte.


Busca a dor em toda a parte,

Acalenta os pequeninos

E da tua mesa reparte

O pão com os peregrinos.

Maria

Eduardo Carvalho Monteiro


Maria
Francisco Cândido Xavier


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