Chico Xavier - Mandato de Amor

Versão para cópia
Capítulo XVII

Chico Xavier em entrevista exclusiva

(Entrevista (…) transcrita do jornal “A Folha Espírita”, de São Paulo, edição 193, ano XVII, abril de 1990.)


— Chico, você estará completando 80 anos de existência física no dia 2 de abril e 63 de atividade ininterrupta no campo da mediunidade. Como você se sente nessa quadra da vida?

— Eu me sinto muito bem, porque trago comigo a paz de espírito. Os 80 anos não me afetaram, em absoluto, naquilo que é meu ideal de trabalhar, de servir, de aprender, de me comunicar com os outros, de modo que o corpo apresentou algumas dificuldades, principalmente na locomoção, mas espiritualmente eu não tenho a menor tisna de preocupação com os 80 anos.


— Você é um “best seller” incontestável do movimento editorial brasileiro. Gostaria que você nos dissesse algo sobre a trajetória de cada obra que recebe. Emmanuel é o coordenador desse programa. O que é que ele fala a respeito do programa de cada livro?

— Ele sempre considerou que cada livro se destinava e se destina, aliás, a uma faixa de pessoas que estão incursas na necessidade de conhecê-lo para fins de recuperação da paz e da renovação delas mesmas.


— Ele sabe disso através dos serviços de computação que existem no mundo espiritual?

— Ele sabe. Quanto a mim, ele estimaria que tomasse contato com os trabalhos de computação e pudesse trabalhar um tanto nesse setor, mas como eu não tenho experiência e ele é muito humanitário, está esperando que meus ossos possam suportar o trabalho, mesmo mínimo. Então, quero dizer a você que devo ser uma das raras pessoas no mundo que está tratando primeiro do próprio esqueleto.


Editoras Espíritas


— Perguntamos sobre o trajeto das obras recebidas, por seu intermédio, porque sentimos que os cem primeiros volumes, aqueles que estão mais particularmente ligados à editora da Federação Espírita Brasileira (F.E.B.), são livros mais densos. Depois, houve como que um movimento mais explicativo dos conceitos já ventilados, os benfeitores desceram mais às minúcias, com obras mais simples. Foi realmente esse o caminho seguido?

— Eu creio que esse foi o caminho seguido, porque a Federação Espírita Brasileira fazia sempre uma revisão muito rigorosa. E nessa revisão, muitos conceitos não sofriam deformidade. Ela os mantinha, mas ficavam dentro de uma estreiteza que não suportava nenhuma expressão de elasticidade. Então, o espírito de Emmanuel, que dirige essa equipe de espíritos, achou razoável que se estimulasse os companheiros inclinados a se responsabilizar por uma editora. Que esses companheiros recebessem dos espíritos livros tão simples como o povo, em si, o necessita. Eu creio que a Federação agiu muito bem, porque ela ficou segregada no classicismo da Doutrina, uma espécie de movimento, não digo dogmático, porque ela não faria nada de dogmático, mas um movimento de mais largueza de palavras para melhorar e iluminar o raciocínio.


Transcomunicação A ciência apoiando a fé


— O que é que os Espíritos têm dito a respeito da transcomunicação? Na Europa, hoje, o movimento está tomando um vulto extraordinário e tem sido comparado até com o movimento das mesas girantes, observado no século passado. Seria um novo chamamento à meditação, acerca da sobrevivência?

— Eu creio que sim, pois da parte dos espíritas desencarnados, a maioria que eu conheço está toda interessada em que se abra o túnel que impede que esse movimento se liberte e se desenvolva tanto quanto possível. Porque desse movimento partiríamos com a própria ciência para caminhos que chegariam muito mais depressa à fé raciocinada.


“A Vida Triunfa”


— Como você vê o lançamento do livro “A Vida Triunfa”, primeira obra da Folha Espírita Editora?

— O livro, para mim que sou um leigo, um ignorante nos processos literários, vai despertar muito interesse pela composição dos argumentos expostos. O que li do livro me deu uma grande alegria interior. Com tanta gente com vontade de conhecer algo sobre a vida espiritual, espero que o livro seja muito bem aceito, e gostaria mesmo que ele fosse bilíngue para que abrangesse todo o continente sul-americano. Eu quero dizer que o livro pode servir à elevação de qualquer povo, onde pudesse ser apresentado, mas creio que o Brasil é muito isolado dos outros países sul-americanos.


Castelhano como língua natural do Brasil


— Os países sul-americanos, dentro de uma união compreensível e necessária, poderiam, mesmo economicamente, resolver todos os seus problemas. A América do Sul possui tudo aquilo que compra do exterior. Se isso é possível, então, o livro também entra. Agora, eu tenho esperança de que o Brasil adote o castelhano como língua natural da Nação. Algumas vozes se levantam, aqui e ali, mas são vozes ainda muito fracas, porque elas não gritam essa necessidade. E, nós outros, os pequeninos, temos que esperar que as grandes inteligências se manifestem. Aí elas se manifestarão, porque a economia do mundo vai ensinar aos sul-americanos o que é que eles possuem. Eles podem ter muito trigo, muito ouro, brilhantes sem conta, pedras preciosas da melhor qualidade. Os materiais de alimentação comum são confirmados em diversas nações.


Mercado Comum Sul-americano


— Eu penso que, quando os nossos regentes em política compreenderem isso, nós poderemos ter o mesmo relacionamento que os países da Europa têm com a América do Norte. Uma união feliz e necessária, porque, se trabalharmos, teremos tudo isso na mão.


O Brasil de hoje


— Chico, como você vê o Brasil nessa quadra da vida?

— A quadra de agora é de transição. Por muito que pensemos, não chegaremos a uma conclusão exata porque a diversidade das ideias é muito grande e o acúmulo das paixões fizeram do Brasil um campo de opiniões, às vezes, até desvairadas. O trabalho mesmo, que é necessário, nada. Eu me lembro de que no tempo da guerra, terminada em 1945, na 1nglaterra e na 1tália, sobretudo nesses dois países, plantava-se batatas em vasos. Venceram pelo próprio esforço e não passaram fome. Por que é que havemos só de plantar flores? E os outros elementos? Que as flores sejam homenageadas pela beleza, mas elas não vão à panela.


Vibrações de paz para o leste da Europa


— Gostaríamos que você comentasse algo sobre o Leste Europeu.

— O Leste Europeu, hoje, é um mundo novo, em que a esperança está reinando novamente nos corações. Vamos nos unir todos nas vibrações de paz, a fim de que esse movimento não sofra um intervalo e uma alteração prolongados, sempre claramente prejudiciais à paz que se espera no mundo.




(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 212, Janeiro/abril de 1990.)



Francisco Cândido Xavier


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 17.
Para visualizar o capítulo 17 completo, clique no botão abaixo:

Ver 17 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?