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Capítulo XI

Morte e reencontro


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Figueiredo Silva

Apagara-se a luz, de pupila a pupila!…

Começa noite enorme! O quarto faz-se escuro…

Rígido, o corpo lembra inesperado muro,

Carga de pedra e cal que me prende e aniquila!…


Em torno escuto ainda a palavra intranquila

Dos que choram na sombra em que me desfiguro!…

Guardo estranha aflição, no temor do futuro,

Espírito algemado a casulo de argila.


Em vão clamo sem voz na dor que me subleva…

Mas de repente, oh! Deus! um clarão rasga a treva,

Sinto o afago de alguém… Vejo-me de alma erguida!…


Torno a ver minha mãe, na morte que transponho,

E em seus braços de amor, como na luz de um sonho,

Encontro, além da Terra, a vida de Outra Vida!…



Antero de Quental

Além da morte, além da sepultura,

Onde a Ciência encontra a paz do nada,

Começa a luminosa e longa estrada

Que reconduz à vida eterna e pura.


Na carne é o pesadelo, a noite escura,

A fantasia e a luz abandonada.

Na alma liberta a santa madrugada

Na alegria de nova semeadura.


Oh! viajores, no inverno dos caminhos,

Aves cansadas dos terrestres ninhos,

Vencei as dores para bendizê-las…


Aguardai a Divina Primavera,

Que outra vida mais alta vos espera

Entre as rotas sublimes das estrelas!



Irmão Saulo

A última lição de Jesus, através do seu corpo carnal, foi a do túmulo vazio. Até hoje os homens se aturdem ante esse mistério. Muitos chegam mesmo a entregar-se a verdadeiros delírios da imaginação para explicá-lo, e outros o tomam como fundamento de teorias absurdas sobre a natureza de Jesus. Mas Ele, que se igualara aos homens para auxiliá-los nos caminhos do mundo, não quis deixar a Terra sem esgotar até a última possibilidade de ensinar por meio do corpo. Esse, apenas esse o sentido daquele vazio que as mulheres encontraram na manhã de domingo, quando o foram procurar no túmulo. Seu último gesto físico foi total e sua última lição através do corpo foi absoluta: os túmulos estão vazios.

No soneto de Figueiredo Silva, “Morte e Reencontro”, temos a confirmação mediúnica desse princípio evangélico. O filho angustiado pela morte rompe as trevas do velório ao receber o afago da mãe que o vem buscar para a vida espiritual. O cadáver rígido irá sozinho para o túmulo que permanecerá vazio. A morte do corpo não é a destruição do ser. É preciso afastar essa barreira para que a verdade se restabeleça e o pensamento dos vivos da Terra se dirija, liberto, ao coração dos vivos do Além.

O soneto de Antero de Quental, “Além da Morte”, serve de complemento à mensagem de Figueiredo Silva, anunciando a Divina Primavera que nos espera a todos, como herança do espírito após a passagem pela vida terrena. Esses dois sonetos figuram em livros diferentes de Chico Xavier, publicados em datas diversas. Reunimo-los aqui e estamos certos de que esse duplo testemunho de dois Espíritos elevados, na expressão poética que os caracterizou em vida, valerá por uma mensagem da vida triunfante, no momento em que a lembrança da morte obscurecer e amargurar a mente das criaturas.


Não há mortos — todos vivem

Muitos leitores escrevem perguntando por que motivo não recebem mensagens de seus entes queridos que já partiram para a outra vida. “Se todos estão vivos, como afirma Chico Xavier — escreve um deles — por que não podem comunicar-se por seu intermédio?”

Mas, por acaso, isso não acontece aqui mesmo, na vida terrena? Quantas vezes ficamos meses e anos sem notícias de pessoas queridas que partiram para longe, e que, apesar de nos guardarem a lembrança e a saudade, não podem nos escrever por motivos vários?

A vida espiritual é a outra vida e, por isso mesmo, os Espíritos nem sempre dispõem da possibilidade de comunicar-se com os que ficaram nesta. Não obstante, pelo pensamento e a prece podemos enviar-lhes as nossas mensagens.



Esta mensagem foi publicada originalmente em 1945 pela FEESP e é a 55ª lição do livro “”



Figueiredo Silva
Francisco Cândido Xavier


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