Chico Xavier Pede Licença
Versão para cópiaTrabalho e evolução
Sempre que tentados a desertar de servir, alegando falhas e imperfeições, convém observar as lições lógicas da Natureza que encontra no trabalho o seu próprio caminho de evolução e aprimoramento.
Se a semente desistisse de germinar, à face do claustro de barro que a constrange, não forneceria o fruto que alimenta o homem e, tanto melhor produz, mais atenção recebe do pomicultor.
Se a roseira deliberasse reter as próprias flores em virtude dos espinhos que se lhe encravaram no corpo, não daria as rosas que embelezam a vida e, tanto melhor produz, mais amplo cuidado recebe do jardineiro.
Se a fonte recusasse beneficiar o solo, porque seja obrigada a transitar sobre o leito de pedra e lama…
Se o metal resolvesse frustrar a sua própria utilidade para não suportar o cadinho fervente…
Se o animal teimasse indefinidamente em recusar a própria domesticação, alegando a extrema agressividade em que ainda se vê…
E assim por diante, todos nós os espíritos encarnados e desencarnados, em desenvolvimento na Terra, nos achamos, por agora, muito longe da condição de angelitude, enquanto que os elementos outros da natureza se encontram ainda infinitamente distantes da condição humana.
Sem dúvida, por dispormos da razão, temos o dever de melhorar-nos constantemente, mas não nos será lícito alegar defeitos e insipiência para fugir à colaboração no levantamento do bem de todos, de vez que é justamente pelo proveito de nossa vida que somos observados ou valorizados na 5ida Superior.
Amemos, assim, em nosso próprio trabalho, o dissolvente de toda sombra que ainda se nos agregue aos domínios da alma. E estejamos convencidos de que, em todos os distritos do Universo, a perfeição é a finalidade para todas as criaturas e para todas as coisas. Entretanto, para a necessária consecução disso, o trabalho é o processo imprescindível.
Sucessão das coisas e dos seres
O trabalho é o propulsor da evolução. Tudo trabalha, diz Emmanuel. Em “” encontramos a lei do trabalho que mereceu um capítulo especial, e a tese é a mesma dessa sua mensagem. Em correlação com a Doutrina Espírita podemos encontrar várias teorias filosóficas. Lembremo-nos de Bergson e a teoria do elã vital. A vida infiltrando-se na matéria, dominando-a e criando as coisas e os seres. Mas lembremo-nos, também, de Dewey e a sua teoria da experiência universal. Tudo é experiência, pois há um princípio vital em todas as coisas da Natureza. A própria dialética de Hegel e sua derivação materialista correspondem à teoria espírita do trabalho universal.
Quando Emmanuel estabelece relações entre a semente, a roseira, a fonte, o metal e o animal, não está fazendo apenas comparações ou figuras, mas ilustrando com os exemplos naturais o princípio espírita da evolução. Na de “O Livro dos Espíritos” encontramos, na resposta dada pelos Espíritos, esta afirmação eloquente: “Tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo até o arcanjo, que também já foi átomo”. E Léon Denis ensinou: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”.
Alguns espíritas não aceitam o conceito de evolução em toda a sua amplitude e procuram por várias formas modificá-lo. Emmanuel nos traz, porém, constantemente, através de suas mensagens, oportunos esclarecimentos a respeito. Somos ainda muito pequeninos para abarcar em nossa visão mental toda a concepção espírita do Universo.
Note-se o tópico da mensagem em questão no qual ele nos coloca em ascensão da condição humana para a angelitude, mas não se esquece de advertir que “os outros elementos da Natureza se encontram, ainda, infinitamente distantes da condição humana”. E é precisamente por causa dessa relação constante das coisas e dos seres que podemos comparar a luta do homem para a transcendência com a luta da semente para germinar.
É tão legítima essa comparação, e ao mesmo tempo tão elucidativa, que o próprio Cristo a usou na pregação da Boa-nova, como vemos na Parábola do Semeador. Somos sementes espirituais, sem dúvida. E como as sementes materiais, temos de trabalhar no seio da matéria para que o plano divino, encerrado em nós, se atualize na germinação e desenvolvimento do nosso Espírito.
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