Chico Xavier Pede Licença
Versão para cópiaMorte e reencontro
Apagara-se a luz, de pupila a pupila!… Começa noite enorme! O quarto faz-se escuro… Rígido, o corpo lembra inesperado muro, Carga de pedra e cal que me prende e aniquila!… Em torno escuto ainda a palavra intranquila Dos que choram na sombra em que me desfiguro!… Guardo estranha aflição, no temor do futuro, Espírito algemado a casulo de argila. Em vão clamo sem voz na dor que me subleva… Mas de repente, oh! Deus! um clarão rasga a treva, Sinto o afago de alguém… Vejo-me de alma erguida!… Torno a ver minha mãe, na morte que transponho, E em seus braços de amor, como na luz de um sonho, Encontro, além da Terra, a vida de Outra Vida!… |
Além da morte, além da sepultura, Onde a Ciência encontra a paz do nada, Começa a luminosa e longa estrada Que reconduz à vida eterna e pura. Na carne é o pesadelo, a noite escura, A fantasia e a luz abandonada. Na alma liberta a santa madrugada Na alegria de nova semeadura. Oh! viajores, no inverno dos caminhos, Aves cansadas dos terrestres ninhos, Vencei as dores para bendizê-las… Aguardai a Divina Primavera, Que outra vida mais alta vos espera Entre as rotas sublimes das estrelas! |
A última lição de Jesus, através do seu corpo carnal, foi a do túmulo vazio. Até hoje os homens se aturdem ante esse mistério. Muitos chegam mesmo a entregar-se a verdadeiros delírios da imaginação para explicá-lo, e outros o tomam como fundamento de teorias absurdas sobre a natureza de Jesus. Mas Ele, que se igualara aos homens para auxiliá-los nos caminhos do mundo, não quis deixar a Terra sem esgotar até a última possibilidade de ensinar por meio do corpo. Esse, apenas esse o sentido daquele vazio que as mulheres encontraram na manhã de domingo, quando o foram procurar no túmulo. Seu último gesto físico foi total e sua última lição através do corpo foi absoluta: os túmulos estão vazios.
No soneto de Figueiredo Silva, “Morte e Reencontro”, temos a confirmação mediúnica desse princípio evangélico. O filho angustiado pela morte rompe as trevas do velório ao receber o afago da mãe que o vem buscar para a vida espiritual. O cadáver rígido irá sozinho para o túmulo que permanecerá vazio. A morte do corpo não é a destruição do ser. É preciso afastar essa barreira para que a verdade se restabeleça e o pensamento dos vivos da Terra se dirija, liberto, ao coração dos vivos do Além.
O soneto de Antero de Quental, “Além da Morte”, serve de complemento à mensagem de Figueiredo Silva, anunciando a Divina Primavera que nos espera a todos, como herança do espírito após a passagem pela vida terrena. Esses dois sonetos figuram em livros diferentes de Chico Xavier, publicados em datas diversas. Reunimo-los aqui e estamos certos de que esse duplo testemunho de dois Espíritos elevados, na expressão poética que os caracterizou em vida, valerá por uma mensagem da vida triunfante, no momento em que a lembrança da morte obscurecer e amargurar a mente das criaturas.
Não há mortos — todos vivem
Muitos leitores escrevem perguntando por que motivo não recebem mensagens de seus entes queridos que já partiram para a outra vida. “Se todos estão vivos, como afirma Chico Xavier — escreve um deles — por que não podem comunicar-se por seu intermédio?”
Mas, por acaso, isso não acontece aqui mesmo, na vida terrena? Quantas vezes ficamos meses e anos sem notícias de pessoas queridas que partiram para longe, e que, apesar de nos guardarem a lembrança e a saudade, não podem nos escrever por motivos vários?
A vida espiritual é a outra vida e, por isso mesmo, os Espíritos nem sempre dispõem da possibilidade de comunicar-se com os que ficaram nesta. Não obstante, pelo pensamento e a prece podemos enviar-lhes as nossas mensagens.
Esta mensagem foi publicada originalmente em 1945 pela FEESP e é a 55ª lição do livro “”
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