Coisas Deste Mundo
Versão para cópiaCoisas deste mundo
Tonico viveu na farra, bebendo pinga aos canecos, hoje é homem renascido de fígado em pandarecos. Tatão perseguiu Quinquim Até matá-lo a facão; Mas Quinquim hoje nasceu Como filho de Tatão Tião pisou Josefina Faleceu zombando dela… Hoje, é um menino enjeitado Que Josefina tutela. Rita matou o velho tio Com pancadas no monjolo, Hoje ele é neto que Rita Acaricia no colo. Que razões do amor em Nira, Se o filho nem procura? Ele é o homem do passado Que ela induziu à loucura. Observa o que semeias, Se o amor ou luz, ódio ou paz. Tudo que damos à vida A vida pega e nos traz. Furtava ouro e diamantes O ourives Joaquim Cazuza… Renascido, hoje trabalha Em forno de ferro guza. Marina expulsou a sogra Por causa de uma tijela; A pobre morreu na chuva Mas agora é filha dela. No esporte, o conde arrasava Com qualquer antagonista… Morreu e voltou à Terra… É um médico ortopedista. Suicidaram-se por Jonas Dila e Duca de Morais… Renasceram filhas dele, Meninas excepicionais. Para livrar-se da gula, Pediu Juquinha Garrido Vida nova em corpo novo De estômago enfraquecido. Por que Joaquim tanto apoia A filha que o não releva?!… Ela é a mulher que ele mesmo Um dia, atirou na treva… João vai nasceu… mas nas culpas Que lhe amargam na lembrança, Roga um problema nervoso Que lhe guarde a temperança Leonor enganou Fimfim Que morreu de raiva e dor, Mas Fimfim tornou à Terra… Hoje é filho de Leonor. Liberando-se da intriga, Temendo queda outra vez, Téo espera regressar Na provação da surdez. Numa contenda de afeto, João se matou por cirila… Reencarnado, é o filho enfermo Que não a deixa tranquila. Tintina fez tantas lutas, Tantos delitos no lar… Agora quer novo corpo Que não possa procriar. Dois problemas!… dois suicídios, O de Lana e Juvenal… Voltaram… ela, idiota, Ele, doente mental. Empreços, enfermidades, Obstáculos, no fundo, São recursos de defesa Que nos amparam no mundo. Que ódio entre filho e mãe!… Que havia entre Juca e Sara? Ela fora, noutro tempo, A esposa que o renegara. Eis a história de tinta : Aborto e criança morta. Hoje ela quer renascer, Toda gente fecha a porta. Com sentimentos alheios Não brinques, mesmo de leve… Tanto no amor quanto em tudo, Cada qual paga o que deve. Na grande escola da vida, Erro nenhum passa em vão; Deus tem por mestra e vigia Alei da reencarnação. Prejudicou tanta gente O construtor João Teixeira… Vive agora noutro corpo Servindo numa pedreira. Nhô Tico matou o genro, Achou que se fosse embora, Mas o genro nasceu dele, É o caçula que ele adora. Quem despreza a lei do bem Não foge ao próprio dever, Torna apenas mais difícil O que se deve fazer. Tonho morreu na garrafa. Não trabalhava, dormia… Morreu e nasceu de novo Sofrendo paralisia. Renasceu Téo que vivia De tomar a terra alheia… Tem agora o ganha-pão, Suando na pá de areia. Morreu Tonico de Souza, Vivia a caluniar… Reencarnado, grita, grita, Mas não consegue falar. Leonel, vendendo tecidos, Morreu de tanra ambição… Encontrei-o reencarnado Na lavoura de algodão. Por causa de terra e nota, Líliu matou Braúna, Mas nasceu de Liliu Para toda a fortuna. Xandoca morreu no ódio De Maricota do esteio. Hoje Xandoca é a filhinha Que se amamenta ao seio. Aceita com paciência crise, golpe, provação… O sofrimento é remédio, Bendita a reencarnação. Faleceu Nico, no prato, Comia até à loucura… Noutro corpo sofre agora Azia que não tem cura. Foi-se Joana em cocaína, Só procurava esquecer. Agora nasceu doente para acordar no dever. Cansado de muitos erros, Na cultura com vanglória, Simão quer nova existência Com defeito de memória. Morreu Tônico Sampaio, Só de calúnia vivia… Hoje tem lábio rachado, Esmolando cirurgia. Antônio temendo excessos Com que já foi a loucura, Implora um corpo doente Sempre ativo, mas sem cura. Finou-se Joana Pacheco. Viveu tão só de pesar… Renasceu e vive em luta, Sem tempo de se queixar. Nas plagas do sofrimento. Vejo esta regra concisa Cada qual tem seu problema No resgate que precisa Recordo Aninha Pachola… Morreu ricaça e sovina. Hoje, achei-a reencarnada, Mendigando numa esquina. Morreu Nico, o matador; Cobrava caro os balanços. Pediu novo berço à Terra E traz um corpo sem braços. Júlio inventando calúnias, Deixou muita gente pasma… Mora hoje noutro corpo, Sofrendo acessos se asma… Dodélia acabou com os pais Para luxar a capricho. Revive agora na terra Virando lata de lixo. Braz morreu… Fez muitos crimes, Usando intriga e boato… Renascido, é um surdo-mudo, Numa cabana do mato. Agradece o sofrimento, Alma cansada e ferida. A dor na reencarnação É benção de Deus na vida. Finou-se Juca Pacheco, Sovina como ninguém… Renascido, luta e sofre Mas não ajunta vintém. Dançando, Gina criou Muita dor, muito revés… Em breve, reencarnará Com reumatismo nos pés. Lili deu filhos à fossa, Cultivava esse costume. Hoje, nasceu enjeitada Num curral cheio de estrume. Nino, ao piano, fez crimes Por músicas e votos vãos… Mas hoje roga outro corpo Com atrofia das mãos. Quantos delitos de amor! Finou-se a bela Iracema. Ela agora quer voltar Na provação do eczema. Joaquim orador de prol, Punha lama e fogo em tudo. Retornará para a Terra. Hoje, porém, quer ser mudo. Enfermidade na vida Por mais triste, mais atroz, Muita vez, é só recurso Para guardar-nos de nós. Morre u Lino que furtava nos gêneros que vendia; agora tornou à Terra, sofrendo com padaria. Por ódio trocando, Antônia Matou Lina do Lagarto… Hoje, elas são mãe e filha Doentes no mesmo quarto. Deus nos dá, vida por vida, Um curso de cada vez. Presente é sempre o retrato Daquilo que já se fez. Astolfo escreveu maus livros Endoidando a multidão, Do além, retornou ao mundo Nas teias da obsessão. Morreu Léo Cintra, o escritor. Era uma pena cruel. Noutro corpo, é servidor Em fábrica de papel. Leolino viveu de caça e só de caça se foi… Encontrei-o renascido, Curtindo couro de boi. O médico Limundo Largou diploma e dever Renascido, tem doença Que ninguém sabe entender. Maricota suicidou-se Por causa de Anísio Prado, Mas hoje é a filhinha dele de cérebro retardado. Abençoa o sofrimento A que a Terra te destina… A dor na reencarnação É benção da luz divina. Por Zina, matou-se João… Um carro fê-lo aos pedaços… Hoje ele é o filho doente Que Zina beija nos braços. Marina fez três abortos Dizendo temer feiura… Morreu e voltou à Terra Encarnada à loucura. Manoel seduziu Perlícia, Deixando-a em tombos loucos… Ela morreu e voltou: É a filha que o mata aos poucos. Nini prometeu ser mãe De desafetos passados… Recusou, mas vive agora, Num pouso de alienados. Por Téo, Nana largou Juca Que se matou pela ingrata, E Juca à voltou ela, É o filho que a desacata. Anésia pôs fogo à choça Assassinando o marido. Morreu e nasceu de novo De corpo todo ferido Joaquim arrasou Simão Para tomar-lhe Ana 5era Mas Simão tornou a ele É o filho que o não tolera. Matou-se Quirino Sanches Por pequenino pesar… Voltou morrendo ao nascer Para aprender a lutar. Tesouro maior da vida É a mente tranquila e sã. Erro que a gente faz hoje A vida acerta amanhã. Gina extraía crianças, Matando-as nágua fervente… Renasceu de pele em fogo, Chorando constantemente. Morreu Gil… Feriu a muitos Para ter mansão no morro. Renasceu servindo nela Para tratar do cachorro. Quanto aborto acumulado Da parteira Dona Eva!… Hoje, morta, ela vagueia Ouvindo choro na treva. João odiava Gilberto, Gilberto odiava João. Morreram e renasceram, Dois gêmeos em provação Antonio abusou da dança E atormentou muitos lares, Presentemente nasceu Sofrendo dos calcanhares. Finou-se Juca Veludo; Só viu mal a vida inteira… Agora pediu aos céus Reencarnação em cegueira. Revi Armênio, o escritor… Vivia na camoeca, Reencarnado, é o zelador De antiga biblioteca. Morreu avarenta e inútil A ricaça Rosabela; Voltou à terra empregada No antigo palácio dela. Finou-se Nélia, a enfermeira, Que agia no mal… Reencontrei-a trabalhando Em limpeza de hospital. Caso esquisito!… Um guerreiro Da antiguidade esquecida É hoje um cirurgião Que ampara e reforma a vida. Lembro Zico, advogado… Só brigava e confundia… Morreu e voltou à terra, Sofrendo hidrocefalia. A ninguém batas nem firas, Que o tempo vai como vem… E, usando suposto mal, A vida refaz o bem. Obrigação para hoje, Seja atendida de vez, Que a vida espera amanhã Aquilo que não se fez. Morreu o agrônomo Prates. Trocou profissão por nota. Agora, em outra existência, Zela animais de uma grota. Sertório abusou de Joana E assassinou-a tranquilo… Ela hoje é a filha dele Com ganas de destruí-lo. José, retendo dinheiro, Largou o filho à matroca… Morreu e voltou… Mas hoje, Só ganha em vender pipoca. Mutilações sobre a Terra, Certas angústias marcadas… São refúgios contra os erros De nossas vidas passadas. Foi-se João, sábio isolado, A que ninguém tinha acesso. Hoje, nasceu entre os índios Para ajudar o progresso. Pessoas que noutro tempo Plantavam difamação, Formam agora famílias No enredo da obsessão. Libório, por sovinice, Enterrou prata no chão… Hoje luta noutra vida Caçando tesouro em vão. Totônio fez quatro mortes Na mata do Moacir… Quer renascer, mas sem braços, Com medo de reincidir. Ninita arruinou a casa, Morreu nova, ingrata e bela. Hoje é menina enjeitada na família que era dela. Por voz linda, quantos crimes Em Maricota Cerqueira!… Hoje quer nova existência Em que viva na cegueira. Trabalho, dificuldade? Não te lastimes em vão, O céu nos dissolve os erros Na luz da reencarnação. Recebe dificuldade Com fé serena e inteiriça Sofrimento em qualquer parte, É socorro da justiça. Foi-se Gina, a professora… Tinha nojo de ensinar; Mas renasceu… é a porteira De humilde grupo escolar. Pedimos o dom da dor Que ninguém acolhe em vão Por guia da própria vida, No rumo da perfeição. Lindolfo atado a ciúme Suicidou-se por Joaninha, Mas voltou de corpo inerte, Quer andar mas não caminha. Dois grupos que assassinavam Com fogo em carros na estrada, Faleceram noutro corpo Numa loja incendiada. Cicínia usou de serpente E liquidou com José, Agora, morreu menina De um simples bicho de pé. Desastres, calamidades, Dos quais a lei não se priva, Constituem pagamento Em provação coletiva. O engenheiro Juca Pontes Quis formatura e nada… Morreu e voltou à terra, Nascendo numa calçada. Por Zena, João matou Nico E desposou-se depois… Mas Nico voltou a eles, É o caçula deles dois. Dino, escultor primoroso, Nada fez que sabia… Hoje, só mede tijolo, Num recanto de olaria. Inimigo do passa Perseguia Gabriela. No ajuste das próprias contas Ele agora é filho dela. Cocota matou o sogro Com veneno em berinjela, Mas o sogro renasceu… É um filho nos braços dela. Tanto odiou crio ao Nei. Até que o matou a tiro… Loucura!… Nei regressou… É o filho do próprio Ciro. Paulinho matou Marcelo E suicidou-se por Lia… Renasceu… É filho dela Que sofre esquizofrenia. Quis ser pai de obsessores Que o feriam sem cessar… Teve Antonio o que pedia: Um sanatório no lar. O delito não compensa As culpas persistirão Até que a vida as apague Na lei da reencarnação. A dívida, como seja, Mesmo se longo passado, Enquanto não resolvida Mora sempre ao nosso lado. Morreu Diva… Quatro abortos!… À preguiça andava entregue. Renasceu e quer ter filhos, Sonha, sofre e não consegue. Por orgulho fez sinhana Muitos caminhos errados… No além, pede novo corpo Com nervos destrambelhados. Tininha fez quatro abortos Sem propósito e sem causa E os filhos que não nasceram Hoje a perseguem sem pausa. Para guardar-se se faltas Praticadas na injustiça, Roga nova armênio vida nova Que lhe dê mente enfermiça. Aborto nas leis da vida É dívida que se atrasa… Feliz de quem paga contas Por dentro da própria casa. Tião tratava a mãezinha A chutes e bofetadas… Hoje anseia renascer Num corpo se mãos mirradas. Renasceu Juca… Vivia De tomar a terra alheia. Agora ganha somente Suando na pá de areia. Não creias que Deus te honra Com teus créditos e dons Para que entendas e sirvas Somente aos justos e bons. A imponente dona Joana Finada em paixão e treva, Pediu corpo e vida humilde No mato da Genoveva. Honrar as obrigações Mesmo em luta, anos inteiros, Sem deixar as próprias cargas Nos ombros dos companheiros. Quem fez os pires em guerrear? Foi Nhô Bem de Monsaraz Que vai reencarnar dos Pires, A fim de fazer a paz. Evitar em qualquer tempo Este desastre comum: Contentar-se em criticar Sem prestar auxílio algum. Rixas não servem nem mesmo Nas pessoas mais tranquilas… Quem as provoca responde Pelo dever de extingui-las. De gênios perdido em furto, O irmão Quelidônio Alpaca Do além quer voltar à Terra, Sofrendo cabeça fraca. As multidões que estimulam Assalto e crime na Terra Costumam desencarnar Em ocorrências de guerra. Legenda aos serviços do bem Aos de agora e aos que virão: Nunca se faça a mistura De esclerose e tradição. Pessoas que envenenam De alma sarcástica e fria Pediram morte conjunta Num surto de epidemia. Não faças aos semelhantes Seja o que for, onde estejas, Que, em se tratando de ti, Não aprovas, nem desejas. Corsário de eras Rogaram ao reencarnar Para morrerem unidos Em acidente de mar. Em seis vidas, suicidou-se O amigo Arsênio Faria… Ele agora quer nascer Na prova da idiotia. Impera em todo universo Este princípio comum A justiça é lei da vida Por dentro de cada um. Escultor, vivia inerte, Cultivando falcatrua… Vive hoje noutra forma Trabalhando pisos da rua. Se são filha e mãe porque Tantas rixas as consomem? Noutra vida se arrasaram, Disputando o mesmo homem. Escrevia apedrejando… Assim morreu Hélio Lins. Encontrei-o noutro corpo Trazendo pedras nos rins. Nhô Nilo para beber Não via meio nem fins… Morreu e nasceu de novo Com sofrimento dos rins. Dois enganos no caminho De consequência fatais: Ser surdo às dores alheias, Enclausurar-se demais. Liberdade faz o gesto, Consequência vem após. O perdão nasce da vida, A punição vem de nós. Por bela fez muitos crimes Amélia da Conceição, Hoje roga corpo enfermo Em que se arraste no chão. Morreu Leonel que furtava De toda pobre viúva… Encontrei-o reencarnado: Mendigo atirado à chuva. Manoel liquidou Joaquina… Por ela foi perdoado. Mas hoje, a fim de punir-se Quer renascer mutilado. Finou-se atolado em pinga O ricaço Vidigal. Renasceu… Hoje é um doente Zelando um canavial. Téo matou-se por ciúme De Maria do sossego… Mas voltou… É filho dela, Aprendendo desapego. Três homens foram ao crime Por causa de Florisbela… Noutra vida, todos três São agora filhos dela. Largando-se de uma torre, Suicidou-se Amaro Luna… Noutro corpo, vive inerte Com problemas de coluna. Há na justiça dos céus Esta nota que é sublime: — “Receba cada culpado A luta em que se redima”. |
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