Colheita do Bem
Versão para cópiaAnotações familiares
“ e casaram-se em 27 de dezembro de 1923, após curto período de namoro e noivado, como acontece no reencontro de almas gêmeas. O casal passou a residir na então longínqua cidade de Ponta Grossa, Paraná, e ia ao Rio de Janeiro de vez em quando. E para lá rumaram em fins de 1924 para o nascimento do primogênito Roberto. Cerca de sessenta anos depois, foi encontrado, entre os livros deixados por Rômulo Joviano, um exemplar de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, edição da Federação Espírita Brasileira (FEB), de 1924 e, dentro, a seguinte anotação: “Adquirido na FEB, no Rio de Janeiro, em 27/12/1924.” E mais adiante: “Comecei a leitura deste livro em Ponta Grossa, um ano depois de meu casamento. A Maria muito contribuiu para conhecê-lo, devido às referências ao Sr. Bittencourt, da Rua da Passagem.”
Mais tarde, soube-se que dentre as mencionadas referências estava a de que Júlia, mãe de Maria, sofreu por muitos anos de terrível enxaqueca e que fora curada com receita do médium Ignácio Bittencourt. Durante os anos em que o casal residiu em Ponta Grossa, Maria medicou os filhos — Roberto e eu — com receitas do referido médium. Telegrafava para a mãe solicitando consulta ao médium e Júlia, de posse da receita, adquiria os medicamentos homeopáticos e os enviava, pelo correio, para Ponta Grossa. Assim, Rômulo retomou, nesta vida, os estudos espíritas que, certamente, começara nas vidas anteriores.
Em agosto de 1930, Rômulo voltou a ser designado diretor da Fazenda Modelo de Criação do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo | Minas Gerais, cargo que deixou em 1923 para exercer igual atribuição em Ponta Grossa, Paraná.
Fausto, irmão de Rômulo, era vizinho de Chico Xavier na cidade de Pedro Leopoldo. Testemunhando sua árdua luta diária como vendedor em um armazém, e conhecendo suas possibilidades intelectuais, resolveu conseguir-lhe trabalho no escritório da Fazenda de que o irmão era diretor, e onde ele também trabalhava. Quando Rômulo encontrou, nesta vida, Chico Xavier, já podia conversar sobre os assuntos espíritas em que trabalhariam, estudariam, trocariam ideias, enfim, partilhariam daí por diante, quase diariamente. Às quartas-feiras, à noite, o Chico comparecia ao lar de Rômulo e Maria para as reuniões do Grupo Doméstico Arthur Joviano. (…)”
— Figura ímpar no livro 50 anos depois, é nele referido como trazendo ao seu redor uma atmosfera de amor e veneração, uma personalidade vibrante de cultura e generosidade, com tradições de nobreza e lealdade, sendo respeitado como um dos sagrados expoentes da educação antiga, em seus princípios mais austeros e mais simples. No acervo de seus serviços à coletividade, contavam-se providências a favor dos escravos que ensinavam as primeiras letras aos filhos de seus senhores, além de muitas obras de benemerência social. Sabe-se ainda que ele mesmo e a neta querida, Célia, estimavam ensinar, também, os filhos dos escravos. A súplica de Neio Lúcio ao Senhor, quanto à melhor maneira de sacrificar-se pelos filhos bem-amados, como consta no final do livro 50 anos depois, foi atendida com a oportunidade de reencarnação de seu grupo familiar, relatada no livro Renúncia. Nesse livro, vamos encontrá-lo na personalidade de Jaques Duchesne Davenport.
— O professor residia em antigo parque, que adquirira para a localização da sua escola, de proporções vastas, destinada à preparação de crianças de ambos os sexos, antes do acesso aos monastérios do tempo, consagrados ao serviço educativo.
— Nasceu em 1862, em Barra Mansa | RJ. Espírito sempre fiel ao ideal do ensino e da educação, foi responsável pela primeira reforma do ensino primário no Estado de Minas Gerais. Professor de Português do Ginásio Mineiro e da Escola Normal de Barbacena, lugares obtidos em brilhantes concursos, exerceu, por longos anos, o cargo de diretor da Escola Normal Modelo e a Cátedra de Português em Belo Horizonte | MG. Transferindo-se, depois, para a cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, trabalhou como Inspetor de Ensino e como Superintendente da Instrução Pública do Distrito Federal. Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, existem escolas com o seu nome.
Rômulo Joviano
Atividades técnicas
Conforme se depreende das mensagens de Arthur Joviano no ano de 1952, Rômulo atravessou momentos difíceis na área de seus trabalhos na Fazenda do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo. Mas, embora agindo sempre com serenidade, prudência e sensatez, não pôde evitar sua saída do ambiente rural, a que, por mais de 30 anos, devotara-se com toda a sua capacidade técnica e administrativa. Foi transferido para o Rio de Janeiro em 1952, a fim de presidir a Comissão Nacional de Pecuária de Leite, com responsabilidade nacional. Em junho de 1954, foi designado para o cargo de diretor-geral do Departamento Nacional da Produção Animal do Ministério da Agricultura e em 1 957 foi aposentado do serviço público federal. Continuou, entretanto, como presidente da Comissão de Pecuária de Leite até 1962, quando esta foi extinta. De 1963 a 1970, foi membro das comissões técnicas de registro genealógico das raças Jersey, Guernsey e Simental. Dedicou-se também a traduzir artigos de revistas inglesas sobre assuntos agropecuários, dentre as quais destacam-se a intitulada “Fome à Porteira da Fazenda”, de autoria do Dr. Meakan, proferida em março de 1970, em Londres, em homenagem ao professor da Universidade de Cambridge, John Hammond, considerado o mais notável zootecnista e veterinário do século.
Atividades espirituais
Participou dos trabalhos do Centro Espírita Luiz Gonzaga desde 1934. Foi eleito e reeleito seu presidente de 1948 até 1970, quando faleceu. Organizou e orientou os trabalhos do Grupo Doméstico Arthur Joviano desde a sua primeira reunião, em 13 de novembro de 1935 até 1º de abril de 1952, em Pedro Leopoldo, com a presença de Chico Xavier, e de 9 de abril de 1952 até o seu falecimento, aos 78 anos, em 6 de dezembro de 1970, no Rio de Janeiro.
— Formou-se médico-veterinário pela Escola Nacional da UFRU-RJ. Como veterinário, trabalhou no serviço público federal por alguns anos. Em seguida, trabalhou nas empresas Produtos 5eterinários Manguinhos Ltda. e na Pearson S/A. Fundou, depois, a Vepec, uma empresa de comercialização de produtos veterinários. Foi, ainda, diretor do Laboratório Nacional de Produtos de Origem Animal — Lanara — do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo. Casou-se com Marília de Gusmão. O casal teve cinco filhos: Maria do Carmo, Romero, Maria Júlia, Maria Helena e Rômulo. Roberto faleceu em 27 de fevereiro de 2002, com 78 anos.
— Foi transferida para o mesmo departamento do Ministério da Agricultura em que o pai trabalhava, embora em setor diferente. Pôde, assim, manter a sagrada convivência, doméstica e no trabalho. Ficou 38 anos no serviço público e mais dois em empresa privada. Continuou sempre nos trabalhos espirituais, em que permanece até hoje.
A família permaneceu unida, indo residir no Rio de Janeiro com os pais de Maria — Júlia e Aurélio de Amorim —, até que pudesse restabelecer a expressão material do lar, que continuou a contar com a dedicação, o amor sereno e sábio daquela que mereceu sempre, nas cartas de Arthur Joviano, o mais sagrado carinho: .
Nota da Editora: Dos livros (VINHA DE LUZ, 3. ed., 2008, p. 27-28) e (VINHA DE LUZ, 2010, p. 389-403)
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