Colheita do Bem
Versão para cópiaNosso mérito consiste em não desfalecer
12/12/1951
Meus queridos filhos, Deus abençoe a vocês e lhes conceda, junto de nosso amigo General Aurélio, de nossa irmã Júlia e dos netos muita saúde, alegria e paz.
Em nossas preces, realmente, colhemos substancial nutrição. Não somente vocês se refazem. Nós também. Isso ocorre porque, igualmente de “nosso lado”, sobram lutas e necessidades, compelindo-nos a vastos dispêndios de força mental. Achamo-nos, por nossa felicidade, numa região de serviço purificador e assim como o corpo reclama o concurso da água amiga em favor da higiene e da recuperação também a nossa alma pede a imersão na corrente cristalina das preces sinceras, que nos restauram e reanimam.
Continuemos lutando. . A árvore que domina a floresta é justamente a que sabe resistir ao vento, sem alarde, a fim de crescer. Grande é a batalha — repetimos. Entretanto, a guerra do bem contra o mal, fora de nós, é a mesma que se estabelece na intimidade de nossa própria natureza. Tenhamos paciência, aprendamos, ajudemos e passemos para a vanguarda.
Estou muito satisfeito com as melhoras do nosso Roberto. O caso foi complexo a princípio pela, vamos dizer, virose, em boa linguagem veterinária, que lhe dominou a economia orgânica. Graças ao Senhor, porém, a intervenção nos dois planos foi eficiente e rápida, e temo-la a caminho de mais harmonioso entendimento com o seu próprio “mundo fisiológico”. Rogo ao meu neto muita paciência nos dias em curso. Mover-se o menos possível, nesta semana, e quando erguer-se ou andar, agir com muita lentidão, porque há trabalho sutil da nossa esfera de ação buscando restaurar-lhe o serviço equilibrado das “comunicações nervosas” na complicada cidade microscópica do corpo denso. Quanto lhe for possível, combater as ideias tristes que, de quando a quando, lhe batem à porta mental, guardando a convicção de que os amigos espirituais prosseguem a postos e que a boa disposição psíquica na confiança e no contentamento representa quase sempre 50% da cura de qualquer natureza.
Um coração alegre é remédio de assistência divina, dizia o sábio, há muitos séculos. (Pv
Tenhamos bom-ânimo, meu caro Roberto, e não empalideça sua coragem brilhante de sempre! Continuam as prescrições dos nossos amigos receitistas e acreditamos, com os nossos votos na direção dos cimos da vida, que você regresse ao trabalho comum em breves dias. No entanto, creio que o seu tratamento será longo, de modo a reestruturarmos a sua saúde plena. Você já conquistou vários troféus nas lides esportivas e estudantis, e outros prêmios esperam-lhe a capacidade de homem de bem e de cristão sincero. Avancemos para adiante.
Meus filhos, o dia 14 está prestes a ser descerrado. Neste ano, peço a vocês comemorarem comigo a data de meu aniversário espiritual nos trabalhos públicos do “Centro Luiz Gonzaga”. Já fiz idêntica solicitação aos companheiros daqui, que me atenderam, esperando que vocês não oponham embargos aos meus desejos. Teremos a data numa sexta-feira e tenho serviço que me é muito valioso, na referida instituição. Nossa querida Maria não precisará dar-me o “bolo das dezessete primaveras”, mas em lugar desse brinde, que me é muito querido ao coração, aceitarei flores na casa de nossas atividades espirituais. Rogo-lhes a abstenção de qualquer referência ao meu nome, porque conversaremos pelo fio do coração, esclarecendo eu que as flores serão aproveitadas por mim no serviço que devo aos necessitados e sofredores. Não precisam enviar muita cópia desse material, mas as rosas que tanto estimamos desejo compareçam em nossa festividade de sentimentos sem palavras.
Em 1950, celebramos o 14 junto do Roberto, em vitória universitária, merecida e justa, e em 1951 comemoraremos o natalício com o pensamento ligado ao nosso Roberto lutador, a fim de que nossas vibrações canalizadas, num só impulso, o envolvam com a energia possível, a fim de que o vejamos refeito e fortalecido.
Creiam que o meu contentamento será enorme com a aprovação de vocês ao meu pedido. Em minhas preces do dia, enviarei a vocês o meu infinito agradecimento pelos dezessete anos consecutivos de carinho, devoção e amor com que a dedicação filial de vocês me aquinhoou. Não sei se haverá um coração tão feliz quanto o meu, porque tenho em vocês a continuidade santa de meu ideal.
Com referência às nossas lutas comuns, os comentários evangélicos de ontem são oportunos, claros e, sobremaneira, reconfortantes. Nosso melhor tesouro, em qualquer circunstância, constitui-se daquilo que o Pai celeste nos reservou, e quem poderá subtrair-nos semelhantes vantagens? Quem poderá anular na Terra uma doação divina? De alma um tanto ou quanto mais experimentada, agora que os anos se desdobram sobre a minha condição renovada, compreendo com mais propriedade a excelência dos valores e dons que possuímos invariavelmente em nós e conosco. Usemos nossos pensamentos de fé viva, constância no bem, amor ao trabalho, entendimento cristão, auxílio incessante e concurso ativo com o Cristo, e veremos que o corpo milagroso da vida revelará os seus divinos segredos. Não vale a poeira da estrada e sim a oportunidade de avanço que nos proporciona. Não valem as pedras e espinhos da marcha e sim as lições que nos transmitem. Assim, pois, que o Mestre nos auxilie a prosseguir.
Temos trazido à nossa irmã Júlia os recursos de colaboração suscetíveis de serem desenvolvidos pelas nossas forças em benefício de suas mãos. Braços preciosos de quem tanto vem realizando em favor de nós todos e de muitos, permitirá o Senhor que os vejamos novamente restaurados em breve.
Penso que, por hoje, não seria lícito alongar-me por mais tempo. Recebam, assim, com as minhas demonstrações de afetividade aos nossos amigos e aos netos queridos, um abraço muito carinhoso do papai muito amigo que não os esquece,
Nota da organizadora: Em referência à data de sua desencarnação, ocorrida em 1934.
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Provérbios 17:22
O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos.
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