Colheita do Bem
Versão para cópiaFilhas queridas
Pedro Leopoldo, 20/12/1960
, Jesus nos abençoe, enviando-nos a coragem.
Compreendemos a dor silenciosa que lhes vai n’alma. Saudade! Saudade que é de vocês e que é também nossa, porque a luta é partilhada nos dois planos. Ainda assim rogo a vocês para que não esmoreçam. Em verdade, nós que vimos a família crescer na Terra vemo-la também crescer no mundo espiritual. Supliquemos ao Senhor nos ampare, a fim de que as alterações naturais se verifiquem sem choques.
Nossa Martha descansou. Nosso Fausto descansou. Nossa Maria igualmente.
Não creiam, contudo, que semelhante repouso seja inércia. Refazem as energias. Conquistaram a pausa merecida na luta, de modo a que abracem novos deveres.
Nada lhes posso pedir, entretanto, rogo principalmente à Lúcia e à Jandira para que nos ajudem. Martha e Fausto sofrem o impacto das vibrações de angústia que lhes são desfechadas quando as duas, no silêncio do quarto, entram no paroxismo do desespero — embora esse desespero não signifique rebeldia à frente das leis de Deus.
Choremos, sim, que a lágrima participa de nossa herança de almas a caminho da evolução maior. Entretanto, choremos confiando em Jesus, que ao lado de toda provação colocou remédio adequado. Esperemos trabalhando bem a nossa união no “Grande Lar”.
Não digam que o papai está mudado. Não vejam desistência de carinho em minhas palavras. Precisamos simplesmente reconhecê-las valorosas e serenas, de vez que precisamos guardar a fé por valor supremo dentro da vida.
Nossa Marcelina, nossa amiga Elvira e tantos outros estão cooperando. Anjos maternais que prosseguem velando ao pé dos nossos. Nossa Maria, amparada por sua avó Amélia e tantos outros amigos, como acontece à nossa Martha e ao nosso Fausto, igualmente se recupera. Ajudem-nos. Não seria lícito vê-los supliciados em sofrimentos físicos atrozes em nome de nossa dedicação. Fora temeridade retê-los no instrumento gasto, quando eles mesmos mal conseguiam suportar os desajustes orgânicos. Acalmem-se. Deles próprios vocês receberão alento e esperança. Aceitem as diretrizes religiosas que mais se harmonizem com as necessidades sentimentais nossas, mas não se ausentem da oração. A prece ser-nos-á como pão à fome, ou luz nas trevas. Atravessamos horas difíceis em que todo valor moral de nossa parte é chamado à sustentação de nossas forças.
Suas lágrimas, Célia, me caem no coração como pranto de fel! Quisera suprimir a sua dor imanifesta, laboriosamente contida por você para não agravar a luta de nossa mãezinha. Sei que você, Zina e Flora partilham desse suplício oculto que a nossa Lúcia mal consegue disfarçar, mas peço-lhes, com toda minh’alma, para que a nossa paciência não seja esquecida.
A vida, filhas minhas, é uma bênção de Deus para sempre. Há vinte e seis anos voltei e dia algum se passou sem que vocês estivessem fora de mim. As horas voam. Passa o tempo, apressado. Não nos deixemos vencer. É preciso reaver as nossas forças como quem está num combate santo, cuja vitória será nosso próprio aperfeiçoamento perante as leis divinas.
Nosso Fausto pede à Jandira nos auxilie com a necessária conformação. Ele melhora com alternativas de queda moral, na tristeza destrutiva, sentindo-lhe as oscilações do sentimento. Confiemos em Deus, filha! Nossos pequenos serão amparados. Nosso Arthurzinho receberá, como sempre, a bênção de Jesus. Ajude-o a compreender a vida e a aceitá-la sem revolta. É indispensável saibamos habituá-lo, desde agora, à disciplina, ao entendimento, ao trabalho e ao valor. Nossa Francisca, presente, ser-nos-á companheira abnegada e fiel.
Desejaria dizer-lhes de uma vez só a confiança e o enternecimento que me vibram no espírito ao vê-las aqui em nossas orações, de pensamento a pensamento, contudo, a palavra terrestre é impediente para definições humanas e por mais me esforce nelas não há recursos que me retratem o anseio. Guardem, porém, a certeza de que a nossa comunhão é inalterável.
Agradeço o carinho e a ternura com todas as lembranças do papai, que ficaram por flores de ontem na nossa casa de hoje. Estejam, porém, convictas de que permanecemos unidos no templo do coração acima de todas as reminiscências materiais.
Filhas abençoadas, com o nosso Albino e Rômulo, junto de todos os nossos, recebam o meu coração. O Fausto, presente junto de nós, deseja-lhes, a todos, muita felicidade, externando esses votos com as lágrimas naturais de quem, pouco a pouco, se rearticula para a Vida Maior. A assistência que devo à mamãe, a quem lhes peço beijar as mãos por mim, não permite escrever mais.
Rogando a Deus conserve vocês todas em Sua divina paz, e esperando estejamos todos sorrindo para o trabalho que a Providência nos confiou, reúne-as num só abraço o papai que não as esquece,
Bilhete
Pedro Leopoldo, 20/12/1960
Minhas queridas Jandira, Francisca, Célia, Zina e Lúcia, Deus esteja conosco. Tenhamos coragem e fé.
Um abraço muito grande, muito grande mesmo do
Notas da organizadora:
Da união com Francisca da Rocha, Arthur Joviano teve 9 filhos, sendo que uma menina desencarnou precocemente. Foram eles: Rômulo, Fausto, Albino, Zina, Martha, Flora, Célia e Lúcia. Mais tarde, o casal adotou como filho José de Araújo. In: Sementeira de paz (VINHA DE LUZ, 2010, p. 228).
Mamãe desencarnou em 7 de novembro de 1960, no dia em que Roberto fez 36 anos.
Jandira era esposa de Fausto.
Sobre Elvira não nos foram dadas maiores informações.
Em referindo-se a Arthur, filho de Fausto, nascido em 1952, contando, portanto, com 8 anos da data da mensagem.
Em referindo-se à primogênita de Fausto, Francisca Marta. Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo, MG, em 20 de dezembro de 1960.
Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo, MG, em 20 de dezembro 1960.
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