Colheita do Bem

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Capítulo IV

Na noite de 13 de fevereiro último


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02/03/1949


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde, paz e alegria.

Desde alguns dias venho fazendo o propósito de algo escrever-lhes com respeito aos trabalhos de materialização levados a efeito . Achávamo-nos todos presentes à reunião, embora com dificuldades francamente insuperáveis para fazer-nos identificados pessoalmente, como de nosso desejo. Acontece que o médium Peixoto se encontrava fisicamente exausto, mas ainda assim conseguimos, num serviço de conjunto, dar-lhes notícia ligeira da sobrevivência. A sessão encenou muita coisa de belo em vista da positivação da nossa atividade espiritual e quando nos não tenha proporcionado um encontro direto e pessoal, qual seria de desejar, favoreceu-nos a concepção, estabelecendo certos padrões necessários à compreensão de vocês quanto ao nosso processo de atuação.

Recolhêramo-nos em companhia de alguns amigos, na “câmara mediúnica” improvisada no salão de leitura ao pé da lareira, e tudo fizemos por sustentar as forças físicas do intermediário compelido a largo dispêndio de “energia nervosa” a benefício do fenômeno puro. De todos os materiais que conseguimos concretizar para a manifestação, destaco o serviço de enfermagem prodigalizado à senhora doente e à “garganta fluídica” para a voz sui generis [v. .] de José Grosso. Além desse serviço, os demais trabalhos foram parciais, inclusive o das explosões luminosas que desejáramos mais estáveis e duradouras. Rendamos, contudo, graças a Deus pelo muito que obtivemos. Essas demonstrações, até certo ponto, tranquilizam a alma por aliviarem o intelecto quanto ao problema de viver ou não viver além do sepulcro. Nosso esforço esteve ativo e vigilante, e, felizmente, coroado de pleno êxito, porque ainda nessa reunião, que poderia parecer de pesquisa simples e inútil, o serviço de socorro aos doentes foi efetuado sob o espírito de confraternização no lar. Dos pequenos espinhos que comparecem em flores tão belas de alegria e esperança, não guardemos recordação. Cada um dá o que possui. Não podemos pedir uvas ao espinheiro, (Lc 6:43) segundo a palavra evangélica, e mais vale calar ante a leviandade que fazê-la viver artificiosamente com a ruína de nossa paz individual e doméstica, através de esclarecimento hábil, mas inoportuno. Desejo tão somente que vocês se detenham na luz bendita que o fato nos trouxe para concluírem quanto à felicidade que desfrutamos pela possibilidade de estudar o Evangelho e o Espiritismo livremente, deles fazendo abençoado culto no lar, preparando sentimento e raciocínio perante a vida próxima.

Creiam vocês que todos os participantes daquele banquete de claridade sublime, em que a sombra terrestre realçava a luz espiritual, assinaram compromisso importante. Não podem alegar dúvida quanto à Espiritualidade, sem dano lamentável à própria consciência. O proveito foi enorme, graças a Jesus.

Relativamente à afirmativa de José Grosso, no que concerne às probabilidades favoráveis do Rômulo no campo mediúnico das materializações, isso não padece dúvida. Contudo, devemos aguardar o tempo e a conveniência para todas as realizações, mesmo louváveis. Confesso que sempre sonho para vocês, idealizando-o sem cessar, um santuário em grande zona de serviço aos semelhantes, templo esse em que ambos possam pontificar na administração do bem na mesma condição de companheiros no casamento divino e humano, todavia, essa tarefa não desdobrar-se-á por agora. Seria difícil administrar com segurança em dois campos diferentes, quando a parte mais hostil da luta não foi terminada.

Ao demais, não há mediunidade alguma superior no cumprimento da vontade divina e essa vontade, no momento, não determina tal mudança de imediato. Por enquanto, é indispensável materializar o pão para muitos lares através do trabalho bem distribuído e da orientação bem organizada, concretizando benefícios gerais a mãos cheias para dezenas de antigos associados de tarefas, ainda mesmo que eles nada percebam, nem agradeçam.

O dever espontaneamente atendido para com o Dispensador de todas as graças é a maior glória para a alma. Assim, continuemos na fé operante, aguardando a época justa de consagração mais absoluta ao setor lembrado, aliás, com sincera bondade por nosso amigo visitante. Em tudo há que satisfazer os imperativos de ordem inadiável. Esperemos, pois. Registro, porém, em nossa carta, os trabalhos de materialização com muito reconhecimento a todos que se mobilizaram para no-lo oferecer.

Estamos muito satisfeitos com as melhorias do nosso admirável amigo General Aurélio. Todos nós que o acompanhamos frequentemente, desde alguns meses, esperamos com muito prazer o seu reajustamento geral. Que o divino Médico nos proteja e abençoe.

O nosso companheiro Raphael Chrisóstomo está conosco e saúda-os. Deixa-lhes, a todos, um abraço cordial. Não se descuidem da homeopatia e dos cuidados indispensáveis à saúde física. E reunindo-os em meus votos ardentes ao Alto pela paz de todos, extensivos de modo muito particular ao General Aurélio e à irmã Júlia, sou o papai e amigo de sempre,




Notas da organizadora:

Em 13 de fevereiro de 1949 não houve mensagem escrita, apenas oral por materialização com o concurso do médium Peixotinho.


Em referindo-se a Raphael Chrisóstomo de Oliveira, desencarnado em 3 de março de 1945, em acidente com seu avião particular ocorrido na Fazenda da Pedra, em Campos | RJ.



A. .Joviano
Francisco Cândido Xavier


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Lucas 6:43

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