Colheita do Bem

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Capítulo XLI

A mediunidade de Wanda

19/04/1950


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde e paz, alegria e luz.

Desejando que o bom-ânimo se instale cada dia, na governança de nossas atividades comuns, espero em Jesus possamos prosseguir semeando o bem e servindo-o em todos os passos de nossa jornada para a frente.

Acompanho com o interesse possível a movimentação dos nossos no âmbito das cerimônias religiosas do ano corrente. A verdade, porém, é que não só os motivos do “ano santo” determinam esse acerto de impulsos, quanto à peregrinação até Roma, porque, na essência, há em nosso grupo antigo fascinação constante em torno de velho monumento de nossas lutas e ligações de ganhos e perdas, desenganos e desilusões. Não sei se tudo vai bem nesse amontoado de planos e providências, considerado o assunto sob o ponto de vista material. Entretanto, haja o que houver, procurarei ampará-los com o melhor carinho. Há viagens que se transformam em verdadeiro marco para o caminho de redenção e aperfeiçoamento, e peço ao Alto para que o projeto em andamento se converta em bênçãos para todos.

Há uma ação perene da mente de todos vocês durante o sono físico. Naturalmente, a permanência no corpo não se baseia em processos excessivamente seguros para que a memória possa arcar com a responsabilidade de todas as lembranças, mas, na realidade, por várias vezes, temos ido de novo à Cidade Santa sem necessidade do avião ou do navio e ali relemos velhos caracteres do pretérito ainda não extinto de todo, de modo a poderem vocês tolerar certas dificuldades espirituais em algumas das circunstâncias da jornada salvadora e evolutiva. Permita Deus possam nossos viajantes desfrutar bom clima, contentamento sadio e saúde robusta. Os amigos mais amados experimentam sempre grandes obstáculos para poder exprimir os seus votos, desejos, anseios, preocupações com toda a clareza, razão pela qual me resta o recurso à prece, a fim de que todos os serviços da romagem se processem com a regularidade necessária.

Minha querida Wanda, pretendo hoje destacar nesta carta alguns tópicos, principalmente consagrados a você. é uma sementeira promissora, que já se expande em flores de esperança e reconforto. Quanto estiver ao seu alcance, incentive seu ideal sublime de crescer na tarefa. Leia muito e continue estudando em todos os campos da literatura, da ciência, da filosofia ou da religião, à maneira do tipógrafo que se enriquece de caixotins. A mediunidade em seu caso é de uma amplitude pacífica. O seu desenvolvimento não se acha orientado por impositivos de dor. Brotam as suas energias espontaneamente, sem exigirem de nossa parte maior cuidado. E, graças a Jesus, você tem sabido proceder com devotamento e prudência, sem ultrapassar as fronteiras do possível e do natural. Assim iremos muito bem. Não acredite venhamos a permitir que entidades menos construtivas se aproximem de seu trabalho. E nem espere que mecanizemos seus braços e mãos como se fosse você simples máquina sob nosso livre-arbítrio. Nossa voz para você é de pensamento a pensamento. A organização mental de cada um é delicado aparelho de transmissão e, consequentemente, de recepção e de força emissora. Há “ouvidos e olhos mentais” como possuímos na carne olhos e ouvidos estruturados na matéria densa do corpo físico. Por agora, nossa amiga Ottília é sua orientadora em adestramento. Alma feminina, delicada e vibrátil quanto a sua, foi efetivamente selecionada em suas relações pessoais “neste mundo” em que me encontro para conduzir-lhe as primeiras manifestações no serviço novo. Ela está admiravelmente satisfeita com o seu progresso no esforço e conta com a sua colaboração viva e ativa na obra a realizar. Todavia, logo depois dessa série de páginas a que vocês ambas se entregam por amor à filosofia cristã do trabalho e do amor, pretendo escrever por seu intermédio algumas “chapas”, contendo pensamentos e frases do meu novo meio para colaborarmos no ministério da divulgação inteligente do Evangelho de Jesus. Não serão trabalhos iguais a esses de nossa amiga através de suas faculdades, no que se refere a tamanho, porque desejo esclarecimentos mais sintéticos e estudos mais fáceis e acessíveis à massa popular. Assim é que ao término de sua tarefa no presente cogitaremos do assunto, sendo que a esse tempo designaremos a ocasião e circunstâncias mais favoráveis à nossa comunhão espiritual para o serviço a fazer. Cada “chapa” será um cartão distribuindo algo dos princípios superiores que abraçamos na vida, porque não ignoramos hoje que detemos a obrigação de atuar no trabalho individual e coletivo que implique o progresso do todo. Francamente, estimaria escrever pela mão do próprio Rômulo, com quem me afino integralmente, tanto quanto é possível, há precisamente três lustros. Entretanto, a natureza de seus compromissos na administração pública não me permite modificar-lhe as “ondas positivas de força” em ondas de espécie diferente. Convém-lhe a posição de orientador e educador, com a qual mais se sintoniza com os nossos maiores, de acordo com a lei de aproveitamento dos recursos vocacionais. Até que isso ocorra, porém, escreverei prazerosamente por sua mão e estimarei que a sua sementeira, com segurança e boa vontade, se estenda dadivosa em bênçãos de conhecimento e reconforto para todos. Não tenhamos pressa, porque a precipitação estraga sempre, mas prossigamos a caminhar na direção desses objetivos, de auxílio à extensão da luz na Terra.

Estou muito entusiasmado com as suas possibilidades e com a sua determinação de ajudar ao nosso plano de ação e conto com a sua firmeza de fé para agirmos segura e nobremente em todas as situações. Assim aguardemos — Ottília permanece em serviço abençoado de preparação e com o apoio divino realizaremos muitíssimo. Ela, igualmente, pretende oferecer-nos alguns postais de ensino e consolação, e devemos esperar os dias porvindouros com infinita alegria e ilimitada confiança.

Quanto ao nome que você adotará, medida plenamente aconselhável, poderá escolher o que mais aceitado surja à sua apreciação, apenas sugerindo seja conservado o sobrenome “Lucius” para que se inicie oficialmente, se assim podemos dizer, a sua viagem fora do domicílio de seus dons medianímicos. Será inspirada pela nossa amiga aqui presente, que, por certo, se sentirá feliz em apresentar-lhe várias sugestões que você, amanhã ou depois de amanhã, recolherá enquanto o corpo repousa, guardando a ideia central do assunto quanto o disco assinala em si mesmo as vibrações que recebeu em sua complicada e formosa estrutura.

Estude, trabalhe e avance servindo. Quem ajuda a alguns recebe a colaboração de muitos e quem auxilia a todos será alvo da gratidão e do amor de quantos lhe recebem o interesse amigo, o olhar de simpatia e a palavra encorajadora e dulcificante. Acompanhar o Cristo é a mais sublime tarefa que podemos encontrar dentro da vida. Sigamo-lo.

Estou muito satisfeito e reconhecido com a dádiva de “Jesus no lar” em nossa noite de hoje. Rendo graças a Deus por haver permitido a Neio Lúcio arrojar mais algumas páginas de Evangelho e experiência para fora de si mesmo. Grato a vocês pela felicidade que me proporcionam.

Meu caro Rômulo, estou recordando a exposição de Ponta Grossa, em razão da passagem do corrente mês de abril, e oro em sua companhia agradecendo a Jesus o socorro que recebemos. E esperando que esse socorro seja sempre uma bênção para nós cada dia despede-se num grande abraço o papai muito amigo de sempre,




A. .Joviano
Francisco Cândido Xavier


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