Colheita do Bem
Versão para cópiaReminiscências do Dia de Célia
20/06/1951
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita paz, bom-ânimo e alegria na luta redentora de sempre.
Partilhamos com vocês as . Falar-lhes do nosso carinho pela mensageira da luz e do bem, cujo pensamento nos visitou intensamente na data aludida, seria tarefa a exceder as minhas possibilidades de demonstração. A palavra escrita é uma linha geométrica limitada. Como empregá-la para definir os grandes estados de espírito que transcendem o quadro de manifestações comuns? Impossível. O grupo de amigos espirituais que cultivam a recordação de quem nos é tão extremamente querida congregou-se sob a paisagem luminescente de nossas orações e se uma graça rogamos ao Alto naquela noite bendita de anteontem foi justamente a graça da coragem para a perseverança. Quando iniciamos a viagem da fé renovadora ou do idealismo santificante na Terra, há sempre muitos concorrentes emparelhando-se conosco na corrida do conhecimento ou da virtude, mas quão poucos alcançam os objetivos fundamentais! Muitos, impressionados com os óbices iniciais, descansam à margem da senda pedregosa, ao passo que outros, fascinados por ilusões e flores imaginárias, se localizam, à maneira de barcos ancorados, nos tratos de terra onde a verdura seja fácil e onde o sono constitua brando e continuado anestésico à responsabilidade assumida. Pedi, então, a quem nos pode dar, o justo e compreensível auxílio da força para que o desânimo não nos surpreenda na jornada. Desejamos ardentemente ver-nos na mesma vibração de surpresa do princípio, nos mesmos impulsos de conhecer o bem e aplicá-lo a benefício de todos. E, francamente, devo dizer a vocês que, ponderando os sacrifícios da emissária que nos endossa nas experiências de muitos séculos, reconheço que os nossos trabalhos, comparados ao dela, são pequeninas flores ao lado de enormes celeiros. Quantas vezes terá lutado para salvar-nos? Quantas haverá empreendido renunciações ingentes para que estivéssemos acordados diante da Lei e quantas vezes terá chorado sobre os livros de nossos destinos? Tais perguntas bailarão naturalmente ao ar, porque em nossa posição presente de conhecimento pouco poderíamos entender. Avancemos, desse modo, resolutos e esperançosos, alegres e otimistas para adiante. A Terra é a grande escola. A dificuldade é lição. A dor é trabalho relativo. A morte é aferição de valores. A luta é o meio. O aperfeiçoamento é o fim.
Dos degraus em que nos situamos, podemos, sem dúvida, apreender, de alguma sorte, a imensa distância que nos separa das entidades angélicas, supremas expressões de sabedoria e de amor, mas igualmente deles podemos divisar as turbas compactas da ignorância e do sofrimento, às quais podemos prestar reais benefícios com a nossa colaboração fraternal. Entre o passado e o futuro, podemos adquirir os mais honrosos títulos de serviço que nos sirvam à restauração do pretérito na hora que passa, em marcha para o sublime porvir. Trabalhemos e aprendamos. Trabalhando, crescemos. Aprendendo, aperfeiçoamos. Que Deus conceda a quem tanto nos tem servido, e a quem tanto nos tem ensinado, a coroa da glória infinita e eterna por bênção imorredoura e divina, no espaço e no tempo.
Dos nossos problemas, meu caro Rômulo, vamos tratando com a prudência possível. Temos a impressão de que nas camadas superiores de nossa vida hierárquica possuímos vasta enfermaria para assistir convenientemente. Ou então, numa imagem mais explícita, esclareço a você que nos achamos na situação de viajores, atravessando um corredor apertado entre grandes e escuros despenhadeiros. Que o Mestre nos ajude a atravessá-lo, de maneira a alcançarmos o continente dos novos dias, sem fenômenos desagradáveis de desarticulação das possibilidades que, com o amparo do Senhor, vamos detendo e distribuindo a benefício da comunidade.
Diversos amigos do nosso Plano estarão agindo, atuando e dobrando resistência, mesmo porque nas administrações mais complexas e mais simples o dedo da Espiritualidade está agindo e movimentando variados recursos. Assim, aguardemos melhores ocasiões para o desdobramento das tarefas que estejam afetas ao nosso concurso pessoal. Aliás, o desequilíbrio não é somente brasileiro. É mundial. Em toda parte há crises morais gigantescas, obrigando-nos a trabalho incomensurável. Os homens desencarnados de boa vontade constituem, a meu ver, extensas colmeias de trabalhadores, cada qual em seu campo de ação, agindo por amor, mas modificando a economia sentimental das consciências ao toque de seu convívio, assim como as abelhas quando modificam as plantas. Tenhamos muita serenidade e com o milagre da ação incessante no dever bem cumprido aguardemos o que virá, na convicção paulina de que tudo coopera em favor do bem daqueles que amam a Deus.
Nesse mesmo espírito de expectação, sinto o problema funcional do nosso Roberto. Guardamos firmes esperanças no êxito dele e segui-lo-emos com o carinho e devotamento de todas as horas. É o trabalho constante em que, para a felicidade nossa e por felicidade nossa, nos encontramos. No Rio, vamos fazendo o que se nos oferece viável a benefício dos nossos. Julgo a mamãe menos forte, mais espiritual, no sentido de “desmaterialização no mundo”. De qualquer modo, prosseguiremos buscando semear o melhor nos diversos vasos que o divino Oleiro nos confiou na cerâmica da Terra.
Cuidem da saúde, agindo contra os resfriados. Os medicamentos de rotina devem ser buscados e aplicados. A defesa da nossa capacidade de ser útil é, a nosso ver, a mais importante de todas. Esperamos em Jesus que vocês todos estejam desfrutando excelente saúde, com ânimo robusto a extravasar do coração.
Situemos no trabalho o filão do verdadeiro progresso e refugiemo-nos dentro dele com a lâmpada da fé convenientemente acesa. Na execução desse abençoado programa, adquiriremos tesouros imperecíveis para a Eternidade. Que o Mestre nos auxilie a todos.
E reunindo vocês em meu coração para o carinhoso abraço costumeiro sou o papai e amigo de todos os dias,
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