Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 102

Alegria de viver

“. . . e o vosso coração se encherá de gozo, e esse gozo ninguém vo-lo tirará. "


(Evangelho.)

O pessimismo envenena a fonte da vida, destruindo em nosso espírito a alegria de viver.

A origem desse estado mórbido, dessa lepra da alma está na irrealização dos ideais que acalentamos. Por isso o pessimismo ataca mais a velhice que a mocidade. Esta alimenta ilusões, sonhos, esperanças fagueiras, donde lhe advêm entusiasmo, coragem e arroubo, elementos estes que agem como preventivo contra aquele terrível mórbus.

Na velhice, as ilusões dissipam-se, as quimeras desvanecem-se e, com elas, o entusiasmo e a alegria de viver.

Da escolha, pois, do ideal que constitui objeto de nossas aspirações, tudo depende.

A alegria de viver vem do ideal. Ela não existe onde o ideal falece, visto como este é o manancial que a sustenta. Quando este seca, a vida morre, porque não há vida onde não há alegria de viver. A vida há-de ser vivida com prazer, seja qual for a emergência em que nos encontremos, transcorra ela num palácio ou numa tapera, no fastígio do poder ou na obscuridade extrema.

Se a velhice é pessimista, é porque na mocidade nutriu ideais rasteiros ou quiméricos. O espírito não envelhece: é imortal. Na imortalidade não há decrepitude, porque não há morte. O pessimismo, portanto, não é fruto da decadência da matéria, é, antes, consequência da descrença e da desilusão quanto aos ideais entusiasticamente acalentados. Se eles eram falhos e irrealizáveis; ou se não corresponderam, pela sua natureza, às necessidades da alma, hão-de ocasionar amargas decepções, que destruirão a energia e a fé, mergulhando os espíritos no pessimismo, que é a sepultura da vida.

Cumpre, pois, analisarmos cuidadosamente o ideal que alimentamos. Ele deve ser puro, elevado, e, sobretudo possuir o cunho inconfundível da realidade. Nada de edificações sobre a areia. É na rocha que devemos apoiar seus fundamentos. Precisamos adquirir convicção inabalável a respeito de sua realidade e de sua grandeza. A convicção vem da prova. À medida que formos consumando nosso ideal, nossa alegria de viver háde aumentar de intensidade, suportando todas as lutas, todas as provações, todos os reveses. A alegria de viver será em nós indestrutível, segundo assevera o Mestre: ". . . e o vosso coração se encherá de gozo, e esse gozo ninguém vo-lo tirara".

O ideal donde emana essa fonte perene de gozo e de vida não é deste mundo. Seu reino não é daqui. Havemos de realizá-lo dentro, e não fora de nós. No mundo teremos tributação, porém, com o ideal, venceremos o mundo. Não devemos impressionar-nos com as maldades e a corrupção do século. O reino da justiça e do amor deve ser um fato em nosso interior, no recesso de nossos corações. Os escândalos, de que o mundo é pródigo, abatem as energias morais, predispondo ao pessimismo. Mas se considerarmos que o reino de Deus nada tem com o exterior, não seremos atingidos pelos escândalos, por maiores que eles sejam.

Ainda que se multiplique a iniquidade, nossa fé não arrefecera. O ideal supremo, único, digno de nossas aspirações, nos fará perseverar até ao fim, sem temores nem desfalecimentos. Nossas almas permanecerão no estado de otimismo contínuo, correspondendo à tal fonte de água viva que do nosso interior fluirá para a eternidade, conforme Jesus disse à Samaritana.




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