Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 44

O crime de Jesus

"Então disse Pilatos aos principais sacerdotes e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem. Mas eles insistiam ainda mais, dizendo: Ele agita o povo, ensinando por toda a Judela, desde a Gallleia, onde começou, até aqui em Jerusalém. "


(Evangelho.)

Segundo o juízo do mundo, Jesus foi ura criminoso. Como tal, instauraram processo contra ele; arrastaram-no à barra dos tribunais, onde, após sumário julgamento, foi condenado e justiçado entre ladrões.

Onde há criminoso, há crime e há vítima. Jesus, neste caso, é o criminoso. Qual o seu crime? Onde a vítima ou as vítimas do fato delituoso que lhe imputaram?

Qualifiquemos o réu. Seu nome é Jesus, o Cristo. Seus pais: José, o carpinteiro, e Maria de Nazaré. Conta 33 anos. Natural de Belém de Judá. Ocupa-se em curar os enfermos, erguer o ânimo abatido dos desgraçados, e difundir uma doutrina estranha, cujas bases assentam no amor do próximo, no culto da verdade e da justiça, e no aperfeiçoamento próprio.

Interrogado sobre a culpa que lhe atribuíam, nada respondeu. Não obstante, encontraram razão para processo, julgamento e condenação. Nenhuma voz se levantou em sua defesa: inúmeras se ergueram com veemência para o acusar. Seus amigos eram poucos e tímidos, colhidos entre os párias da sociedade. Seus inimigos eram ricos e poderosos; dirigiam a política e a religião dominante.

E, afinal, de que delito o acusavam? Conviver com os humildes? Saciar os famintos?

Sarar enfermos? Nada disso. Do terrível libelo verbal articulado contra ele não consta que o acusassem pelo fato de distribuir pães e peixes, e, muito menos, por limpar leprosos e dar vista a cegos. Naquele tempo escasseavam os médicos e abundavam os doentes; o réu profissional dormitava ainda. Não havia mesmo inspectoria de higiene. Demais, Jesus não ministrava drogas nem poções. Debelava as doenças, porque, diz a Escritura, "a virtude de Deus estava com ele para curar".

A política e a fé vigentes não se amotinaram, pois, por motivo das curas. Não foi esse o crime do Filho de Maria. Qual teria sido, então? O crime de Jesus Cristo é o mesmo pelo qual têm respondido, e ainda respondem, neste mundo, todos os arautos da verdade, todos os pioneiros da justiça, todos os apóstolos da liberdade: instruir os ignorantes, defender os oprimidos e expoliados, amparar os fracos, remir os escravizado s — numa palavra — ensinar o povo.

Conhecidos o crime e o criminoso, cumpre rematar, apontando as vítimas. Tais são elas: a hipocrisia desmascarada, o despotismo vencido, a exploração desfeita.




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