Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 54

As três cruzes

Naquele dia três cruzes foram levantadas no cimo do Calvário. A do meio sustinha Jesus, o Cristo, cujo crime, como é sabido, consistiu em ensinar ao povo a doutrina da igualdade de direitos perante a lei natural e divina, que mana de Deus. As laterais justiçavam, respectivamente, à direita e à esquerda, o bom e o mau ladrão.

Esses três supliciados são, ao mesmo tempo, três realidades históricas e três símbolos.

Jesus Crucificado é a imagem do amor e da dor, elementos que, conjugados, determinam e promovem a evolução dos homens. É a figura da justiça aliada à misericórdia.

O bom e o mau ladrão representam a Humanidade pecadora em sua generalidade.

O primeiro, reflete com admirável justeza os pecadores confessos, as almas simples, compenetradas de suas faltas, que suportam os sofrimentos e as angústias da existência com resignação e humildade, sem murmúrios nem revoltas, porque vêem nessas vicissitudes o efeito das causas criadas por elas próprias. Crendo firmemente na justiça, tiram preciosos ensinamentos das provações cuja aspereza é amenizada pela maneira com que são recebidas.

O segundo espelha com notória fidelidade os pecadores relapsos, impenitentes e orgulhosos, que recebem a dor revoltados, murmurando e blasfemando. Descrendo do amor e da justiça, julgam-se vítimas de inexorável iniquidade, pois se consideram isentos de culpa, vendo-se através do orgulho que lhes oblitera o entendimento e ofusca a razão.

A Humanidade compõe-se de Dimas e de Giestas, isto é, de pecadores humildes que, reconhecendo-se culpados, fazem da cruz instrumento de redenção; e de pecadores orgulhosos que murmuram e blasfemam continuamente, contorcendo-se e escabujando na cruz que, para eles, não passa do que realmente é: instrumento de suplício.




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